Racha no PSL afeta deputada mineira punida pelo partido!

Aliada do presidente Bolsonaro, deputada mineira Alê Silva, punida pela direção do partido com a perda de cargo em comissão, diz que ela e outros parlamentares vão buscar outra legenda

O duelo interno no PSL entre o presidente Jair Bolsonaro e seu grupo de aliados e o presidente nacional da legenda, deputado Luciano Bivar, já trouxe efeitos para Minas com consequência nas eleições municipais do próximo ano. Após um grupo de 19 deputados do partido ligados a Bolsonaro divulgar uma carta em apoio a ele, Bivar reagiu e promoveu retaliações aos parlamentares que ocupavam cargos de liderança da legenda e em comissões. A deputada mineira Alê Silva, que está entre os que foram retirados das funções e teve que sair da Comissão de Finanças e Tributação, já afirmou que deixará o partido.

Segundo a deputada, o clima na legenda está ruim e deve piorar, já que a tendência é de que o grupo de parlamentares fiéis a Bolsonaro deixe a legenda. Alê afirmou que deve finalizar sua mudança para o Podemos na próxima semana. Sobre possíveis represálias, ela afirma não temer. “As perseguições à minha pessoa já vêm ocorrendo há muito tempo. Já tenho mais reações (do presidente do PSL) que os demais, por isso devo adiantar minha saída”, afirmou. A parlamentar foi uma das que denunciaram a existência do esquema de candidaturas laranjas dentro da sigla nas últimas eleições.

Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral de Minas denunciou 11 pessoas, entre elas o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por supostas irregularidades com a distribuição dos recursos do fundo partidário. Ainda sobre a saída da legenda, a deputada disse que confia na Justiça para considerar as represálias e perseguições que vem sofrendo no partido.

Contudo, ela afirma que o grupo de parlamentares que está mais ligado ao presidente vê toda a situação com cautela. “Estamos muito preocupados, não em manter o nosso cargo, mas em manter o nosso presidente”, considerou. Bolsonaro tem base fraca no Congresso e apenas a legenda tem se comportado de forma mais constante nas votações das matérias de interesse do governo.

A falta de apoio tem resultado em constantes derrotas em votações importantes, como os 18 vetos derrubados na Lei de Abuso de Autoridade. O racha deve ter resultado prático nas eleições municipais do próximo ano, segundo Alê Silva. “O presidente não deve ser atingido, os candidatos que ele apoiar também não. Mas o PSL deve, sim, sofrer reflexos, pois vai passar a imagem de que o partido só quer saber do interesse financeiro”, analisou a deputada.

Ontem, o senador Major Olímpio colocou mais lenha na briga interna do PSL. Disse que dentro do partido ocorre uma conspiração e apontou o dedo para o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, e dois advogados, sendo um deles o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga.

O objetivo deles seria ter acesso ao fundo partidário. “Ficou mais que notório que quem estava por trás (dessa conspiração) era um ex-ministro do TSE e uma advogada espertalhona, Karina Kufa, trabalhando nos bastidores. Infelizmente com o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, que promoveu tudo. E quem perde é o presidente e o país. O PSL vai sair fortalecido. Algumas pessoas do PSL, se saíssem hoje, eu diria Deus leve, guarde e esqueça onde”, afirmou.

Auditoria Bolsonaro também se manifestou ontem e declarou que pretende pedir para que seja fiscalizado o uso dos recursos do fundo partidário dentro do PSL. “Vamos pedir uma auditoria nas contas do partido dos últimos cinco anos”, afirmou o presidente. Questionado sobre a possibilidade de auditoria nas contas do PSL, Bivar disse estar “feliz” com a preocupação do presidente com a legenda. “Sim, nós vamos contratar tudo de auditoria que for possível, imaginável. Tudo, com certeza”, ironizou o dirigente, incluindo o período de Bolsonaro.

Filiado ao PSL desde março de 2018, Bolsonaro escolheu a sigla para disputar as eleições com a expectativa de que pudesse também determinar os rumos da legenda. Mas, desde a vitória nas urnas, enfrenta dificuldades para fazer valer seus projetos internos. Na terça-feira passada, ele escancarou o conflito quando pediu a um militante do partido que esquecesse o PSL e afirmou que Bivar estava “queimado para caramba”.

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