Representante de Guaidó diz que petróleo na costa brasileira pode ter vazado de navio que tentou burlar sanções a Maduro

María Teresa Belandria, representante no Brasil do autoproclamado presidente interino da VenezuelaJuan Guaidó, afirmou nesta segunda-feira (21) que os vazamentos de petróleo na costa brasileira são culpa do “descaso da ditadura de Nicolás Maduro” com a produção petroleira no país.

Ao G1, Belandria disse concordar com a versão de que o petróleo vazou provavelmente de um navio que tentou burlar as sanções impostas à Venezuela. Entretanto, ela disse que não há como apresentar provas.

A representante de Guaidó nega que o material pudesse ter sido lançado diretamente do território venezuelano pela grande distância até o litoral do Nordeste.

“Não houve manchas na Guiana, no Suriname ou em Barbados”, exemplificou Belandria ao G1.

Praia de Itapuama, no Litoral Sul de Pernambuco, foi atingida por manchas de óleo — Foto: Reprodução/TV Globo

Para a embaixadora, o setor de petróleo na Venezuela retrocedeu 50 anos com a falta de investimentos por parte do regime chavista.

“A Venezuela obteve US$ 1 tri na década passada. Onde está esse dinheiro?”, questionou Belandria.

No início do mês, relatório da Petrobras concluiu que o petróleo que vazou nas praias brasileiras é uma mistura de óleos venezuelanos. Em nota divulgada em 10 de outubro, o regime Maduro negou estar envolvido com o derramamento de petróleo ao dizer que:

  • “não há provas de derramamentos de óleo nos campos de petróleo da Venezuela que poderiam ter causado danos ao ecossistema marinho do país vizinho”;
  • “não recebemos nenhum relatório, no qual nossos clientes e/ou subsidiárias relatam uma possível avaria ou vazamento nas proximidades da costa brasileira”.

Aliado de Guaidó admite demora

O autoproclamado presidente interino Juan Guaidó fala durante manifestação contra Nicolás Maduro, durante comemorações do 208º aniversário da Independência da Venezuela, em Caracas, na sexta-feira (5) — Foto: Reuters/Manaure Quintero

O deputado Juan Andrés Mejía – aliado de Guaidó e exilado nos Estados Unidos – reconheceu aos venezuelanos no Brasil que a mudança de governo na Venezuela está em marcha mais lenta do que o previsto. O parlamentar também participou do evento em São Paulo nesta segunda.

“Lamentavelmente, isso está demorando mais do que queríamos”, disse.

Ainda assim, o parlamentar disse crer que Maduro deve cair nos próximos meses graças à pressão sobre o chavismo. Mejía acrescentou que Guaidó convocou novos protestos para novembro.

“Maduro tem os dias contados no país. Tem pressão internacional, pressão no Legislativo, pressão financeira, pressão nas ruas, pressão nos direitos humanos”, apontou.

‘Plano País’

A embaixadora e outros aliados de Guaidó apresentaram em São Paulo nesta segunda-feira a cerca de 80 venezuelanos o “Plano País” – uma série de acordos e propostas para tentar reverter o cenário de colapso econômico na Venezuela. A iniciativa já foi apresentada à comunidade venezuelana na Argentina em agosto.

No início do evento, Juan Guaidó apareceu em um vídeo pré-gravado e disse: “É um plano para que voltem para casa”.

No evento desta segunda, Belandria pediu que os venezuelanos no Brasil cumpram as leis brasileiras e disse que “não há xenofobia” no país.

“Quando um motorista diz que é venezuelano, o passageiro brasileiro [que sabe da situação na Venezuela] lamenta e diz: ‘Eu sinto muito'”, afirmou.

G1

Últimas Notícias