Uma pequena amostra do socialismo brasileiro, em números

Uma pequena amostra do socialismo brasileiro, em números: brasilivre

Esqueça a estatização dos meios de produção. No Brasil, a espoliação se dá de maneira muito mais furtiva e, por isso mesmo, muito mais genial.

Eis um caso real: sendo eu um analista financeiro, estava avaliando as contas de um cliente. Sua empresa é uma indústria de beneficiamento de aço que está passando por maus bocados devido à situação econômica do país.

Verifiquei que a firma havia faturado cerca de R$ 13 milhões no mês anterior. Deste total, algo em torno de R$ 3,7 milhões (28%) foram pagos apenas a título de PIS, COFINS, IPI e ICMS.

Fiquei perplexo ao notar a quantidade de dinheiro que o estado levava antes mesmo de a empresa receber pelas vendas efetuadas.

Mas piora.

Continuando a análise das contas, vi que, após o pagamento aos fornecedores, funcionários, prestadores de serviço e credores financeiros, e após o pagamento de todas as contas operacionais, e, finalmente, após a última rodada de esbulho estatal (IRPJ e CSLL), sobravam algo em torno de R$ 400 mil.

“Ah, mas R$ 400 mil por mês não é nada mal!”, diria o mais apressado.

Só que tal montante equivale a apenas 3% (!!!) de todo o faturamento da empresa.

Ou seja, de cada R$ 100 que a empresa fatura, apenas 3% ficam efetivamente com ela a título de lucro.

Eis a realidade: a social-democracia brasileira conseguiu um feito jamais realizado pelos socialistas originais: a tomada, ainda que furtiva, dos meios de produção.

Cientes da impossibilidade da apropriação física dos meios de produção, os socialistas modernos (agora social-democratas) tiveram uma ideia brilhante: por que, em vez de tomar os meios de produção, não tomar apenas o resultado da produção?

Nada poderia ser mais pavorosamente genial. Se, em um estado socialista, alguém obtém renda por meio do aluguel de imóveis, os imóveis seriam confiscados e passariam a ser propriedade do governo. E toda a economia rapidamente entraria em colapso. Já em um estado social-democrata, o governo permite que a propriedade continue a ser nominalmente de seu dono original, sendo confiscada apenas a riqueza produzida (o aluguel).

Este segundo arranjo é bem mais duradouro: tal modelo de confisco evita o risco de colapso que aflige o socialismo tradicional, já que, sendo os bens de capital privados, seus donos se esforçarão para maximizar os retornos e ainda se valerão de um sistema de preços relativamente livre para tomar suas decisões.

Desta forma, o esbulho governamental é incomparavelmente mais eficiente e sustentável.

Os socialistas modernos, também chamados de social-democratas, estão satisfeitos em ter um sistema corporativo produtivo o suficiente para lhes beneficiar com grandes receitas. Eles gostam dessa galinha dos ovos de ouro. Parasitas não querem matar seus hospedeiros.

https://www.mises.org.br/article/3035/uma-pequena-amostra-do-socialismo-brasileiro-em-numeros

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