Arte rupestre de 44 mil anos é encontrada em caverna na Indonésia

Arqueólogos encontraram uma arte rupestre de pelo menos 44 mil anos em uma caverna em Sulawesi, ilha da Indonésia. Os desenhos mostram seres híbridos de bichos e homens, e podem ser os registros mais antigos desse tipo. 

No relatório da descoberta, publicado na revista Natureos especialistas explicaramque a datação foi feita graças aos depósitos de urânio que ficaram nas figuras. Dados mostram que a substância grudou há cerca 44 mil anos. Com isso, eles indicaram que a arte pode ter sido feita ainda há mais tempo.  

“Se as datas estiverem corretas, os desenhos seriam algumas das primeiras imagens figurativas conhecidas e têm grande importância”, comentou Nicholas Conard, arqueólogo que não esteve envolvido no estudo, ao jornal The Washington Post.

‘Obra de arte’ rupestre de 44 mil anos é encontrada em caverna na Indonésia (Foto: Nature/University of Griffith)

No começo, os pesquisadores acreditavam que os desenhos fossem como outras obras rupestres já encontradas. Entretanto, observando com mais atenção, eles perceberam que as figuras eram representações de seres sobrenaturais: humanos com rabos e animais híbridos de diversas espécies.

Para os arqueólogos, as figuras provam que os humanos da antiguidade tinham uma imaginação muito parecida com a de humanos modernos. “Pensamos na capacidade de criar uma história, uma cena narrativa, como um dos últimos passos da cognição humana”, afirmou Maxime Aubert, líder do estudo, à Science. “Esta é a arte rupestre mais antiga do mundo e todos os aspectos chaves da cognição moderna estão nela.”

Dentre os desenhos, estavam seres humanos com rabos (Foto: Nature/University of Griffith)

Encontrar as pinturas não foi fácil. Os arqueólogos estudavam a região de Sulawesi por cinco anos, até que o especialista Pak Hamrullah notou uma pequena abertura no teto de uma caverna de calcário que já havia sido explorada.

Após escalar uma árvore, os pesquisadores encontraram uma pequena gruta, onde estava um painel pintado com o pigmento ocre vermelho. De acordo com Aubert, a descoberta foi uma surpresa. “Pensei: ‘uau, é uma cena inteira’. Você tem humanos, ou talvez meio humanos, meio animais, caçando ou capturando bichos. Foi simplesmente incrível.”

Validação

Especialistas que não estiveram envolvidos no estudo apontam que é cedo para tomar conclusões. Paul Pettitt, da Universidade de Durham, no Reino Unido, considera que não é possível ter certeza que todas as figuras fazem parte de uma só cena, pois as proporções dos desenhos são diferentes.

“Quanto às ‘lanças’, basta olhar para elas. São longas linhas que passam perto de alguns humanos. Dificilmente são armas seguradas na mão”, disse Pettitt ao The Washington Post.  Ele também sugeriu que artistas diferentes podem ter criado os elementos, que agora estão todos em um só painel.

Imagem panorâmica dos desenhos encontrados na caverna, em Sulawesi (Foto: Nature/University of Griffith)

Enquanto o debate não é resolvido, os especialistas se apressam para estudar o máximo possível da obra enquanto há tempo. Isso porque, segundo eles, a superfície da caverna está descascando e grandes pedaços da camada mais superficial desaparece anualmente. 

O motivo para esse fenômeno ainda é incerto, mas existem evidências de que as mudanças climáticas estejam acelerando o processo, pois a alteração das monções (ventos sazonais) acelera o ciclo destrutivo de seca e umidade. “Pode ser uma ironia amarga, que acabamos de descobrir a extrema antiguidade dessa arte rupestre e — ela pode desaparecer ainda durante nosso período de vida”, comentou Adam Brumm, que também participou do estudo.

Especialistas encontraram seres híbridos de animais, o que foi surpreendente (Foto: Nature/University of Griffith)

*Via Galileu


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