A IMPORTÂNCIA DO SETOR CULTURAL PARA O CONSERVADORISMO

Desde que comecei a analisar o panorama político nacional, e a me aprofundar nos estudos do Conservadorismo, tenho escrito sobre o que vem acontecendo com relação ao cenário cultural, especialmente quando iniciado o Governo de Jair Bolsonaro. Deixarei, na nota de rodapé, vários links para textos meus, escritos de março do corrente ano para frente, publicados no meu perfil na rede social Facebook e na minha coluna no Jornal da Cidade Online. Esses textos tratam, todos, do assunto guerra cultural e da necessidade de ocupação de espaços pela Direita, para retirada da hegemonia da Esquerda[1].

Agora, quero ressalvar, mais uma vez, aqui nesse meu espaço, que a libertação do setor cultural nacional das mãos da Esquerda é provavelmente a pauta mais importante do país, na atualidade. Só assim o país será de fato “desesquerdizado”.

Como já ressalvei em uma das ocasiões dos textos cujos links colei ao final do presente texto, a Esquerda não liga para resultados econômicos do Governo, ou números positivos do País. Ela só liga para Guerra Cultural e para manutenção da sua hegemonia nas narrativas. É através da Cultura que a extrema-esquerda continua com a implantação da sua pauta de destruição dos valores da sociedade, e com a agenda de ativismo político e cooptação de militantes e corrosão dos cérebros de incautos, especialmente jovens.

Portanto, nós, conservadores, sabemos que é a Cultura também, e não apenas a Economia, o campo no qual deve um Governo conservador atuar com firmeza e coragem. Temos que ser inflexíveis na nossa estratégia, agora que estamos ganhando território, depois de um ano de mandato de Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Os bons números do Governo deveriam falar por si sós; mas nós sabemos que a Esquerda não quer saber de números. Apenas de narrativas. Então está na hora de desmontá-las. E nesse contexto, a nomeação de Roberto Alvim, um conservador, católico praticante, alguém que conviveu a vida inteira com a militância artística de extrema-esquerda, para ficar à frente da pasta da Cultura do país, é mais do que acertada.

Com efeito, é necessário homens de coragem, imbuídos de virtude e boa-vontade, dispostos a “combater o bom combate”, para enfrentar o aparelhamento da Esquerda, feito no Brasil com precisão cirúrgica desde os anos 70, com aplicação do gramscismo, que levou à hegemonia cultural esquerdista. Quando isso for feito, essa hegemonia da esquerda ruirá igual um castelo de cartas.

Disso depende a “desesquerdização” do país, repito.

Na verdade, essa luta é apenas nossa, dos Conservadores. Somos os únicos que têm condições de encará-la. Os liberais, ou os de centro, jamais terão noção da sua importância e da sua grandeza. Para eles, repito, bastam os bons números da economia, que o país caminhará por si só rumo ao progresso e ao crescimento; ou, pior, eles sequer enxergam que na vida nem tudo se limita ao aspecto econômico das coisas. Aliás, falar com um liberal sobre o marxismo cultural e as suas consequências nefastas para a sociedade, é, como diz o ditado, “chover no molhado”: a resposta será, sempre, “ora, é só não consumir, é só desligar a televisão”, e por aí vai.

Com feito, nós, conservadores, jamais ficaremos satisfeitos apenas com políticas econômicas. Queremos mudar os costumes também, com uma agenda mais conservadora, que combata a decadência moral da sociedade.

Cesar Ranquetat Jr., no seu ótimo “Da Direita Moderna à Direita Tradicional” (Ed. Danúbio, 2ª ed., 2019), sustenta a necessidade de nós, os conservadores brasileiros, irmos buscar o nosso próprio conservadorismo, atrás de nossas próprias fontes, e com o resgate da nossa própria História e personagens heroicos.

Destaco o seguinte trecho da sua obra, quando o autor comenta os equívocos praticados pela nova direita (pp. 244/245):

“Algo que chama bastante atenção na nova direita brasileira é a tendência desta corrente política em emular o conservadorismo anglo-saxão e norte-americano. Tal reprodução do ideário conservador anglo americano em terras brasileiras não se resume apenas à leitura e citação de autores e obras ligados a essa vertente do pensamento político, mas também a uma estranha e curiosa propensão a mimetizar certos trejeitos, gestos, hábitos, estilos de fala e determinadas vestimentas que se vinculam à tradição cultural britânica e norte-americana. É inegável que o conservadorismo anglo-americano é uma linha de pensamento político riquíssima e que merece ser lida e estudada com cuidado, mas isso não significa incorporar com completo o “ethos” e o “habitus” britânico, abandonando, negando ou mesmo desdenhando da nossa identidade cultural ibérica e católica, com isso deixando de lado uma gama de autores nacionais e hispânicos que elaboraram formas autóctones e “indígenas” de conservadorismo e tradicionalismo. Precisamos conhecer mais o nosso país, a nossa história e cultura, antes de mergulhar no universo de idéias anglo-americanas.

Assimilar o que há de valioso no conservadorismo de outras latitudes, então o adaptando à realidade nacional, parece ser o caminho mais prudente e sensato. (…) O conservadorismo e o tradicionalismo caracterizam-se justamente pela valorização e preservação da identidade cultural e espiritual de um povo, e não pela imitação ou transposição mecânica de valores culturais exógenos, muitas vezes contrastantes e incompatíveis com a nossa experiência histórica e formação social. (…) Entretanto, é bastante comum entre os membros da nova direita brasileira o desprezo, quando não mesmo a ojeriza, por tudo aquilo que se vincula com a identidade nacional brasileira.”

Sobre a necessidade de o conservador brasileiro compreender a importância da cultura, na formação intelectual da população brasileira, assim se pronunciou o referido autor, na obra citada (pp. 251/252):

“Mais do que um mero partido ou movimento político de direita, é fundamental a restauração de uma cultura de direita, de uma visão de mundo e do homem que gravite em torno de princípios permanente e imutáveis como a ordem, a autoridade, a hierarquia, a justiça, a religião, a família, a pátria, as liberdades concretas e a responsabilidade individual e social. Uma direita comprometida apenas com questões técnicas, administrativas e econômicas é um simulacro de direita. Uma sensibilidade e uma estética de direita, que sobretudo tenha suas próprias referências literárias, artísticas, filosóficas, histórica, antropológicas e sociológicas, é algo que está muito além de uma confusa e redutora exaltação do egoísmo narcisista e de uma apologética apaixonada e obsessiva em torno das supostas delícias da economia de mercado e das excelsas virtudes do sistema capitalista liberal. Uma cultura de direita que tenha a ousadia de opor-se aos mitos igualitários e progressistas e que, em antítese ao espírito antitradicional imperante no mundo contemporâneo, estimule e suscite o florescimento de um determinado modo de ser e de uma atitude diante da vida marcada pelo heroísmo, espírito de sacrifício, generosidade, austeridade, franqueza e honradez.”

E, arrematando a questão, e fechando com chave de ouro, assim se pronuncia o autor (p. 253):

“Como se pode inferir do exposto até aqui, a cultura de direita não é propriamente uma filosofia, uma construção teórica abstrata. Nada tem que ver com a erudição livresca e o intelectualismo pedante. É fundamentalmente uma visão de mundo, um estilo de vida, uma forma de percepção da realidade. (…) O que necessitamos em tempos de crise não são homens que prediquem belas frases e idéias requintadas, mas homens que sejam exemplos de seriedade, firmeza e honradez. O problema de nossa época não é a falta de cérebros, intelectuais e eruditos, mas a ausência de “colunas vertebrais”, de indivíduos de caráter vigoroso e resoluto”.

Portanto, caros leitores que me dão a honra de ler esse meu escrito, entendam algo: é realmente na área da Cultura que atingiremos todo esse novo padrão de comportamento, que pode reformular o brasileiro das próximas gerações a ter uma nova percepção da realidade, de homens com espírito heroico, altruísta, e imbuídos de honradez.

Como igualmente escrevi em um texto recente na minha rede social[2]:

“Precisamos resgatar essa tradição do Brasil dos nossos antepassados, e fazer aflorar nas pessoas esses princípios que norteavam os cidadãos originários da nossa terra, e que nasceram lá com nossos pais fundadores, como Bonifácio, Dom Pedro I, e tantos outros.

Ninguém precisa ser católico, ou cristão, antes que alguém venha polemizar. Não é isso que estou falando aqui.

Falo é da necessidade de formulação de um verdadeiro “conservadorismo brasileiro”, mesmo, que resgate a memória e a grandeza do Brasil do século XVIII e XIX, totalmente destruída pelos modernos de mentalidade revolucionária que passaram a dominar o discurso, a partir de uma certa época.

O que precisamos, em suma, é preservar toda essa herança, que recebemos dos heroicos portugueses, que muitas vezes fica injustamente esquecida nas prateleiras da História.

A “Nova Direita”, que todos dizem estar se definindo agora, no país, tem que enxergar isso: essa deve ser uma de suas bandeiras.”

Além das fontes estrangeiras que segue, o Conservadorismo brasileiro precisa resgatar as suas próprias (fontes) nacionais, para se firmar, como ensinado forma brilhante pelo Prof. César Ranquetat Jr. na lição transcrita antes. Por isso, repito, entendo como tão importante a ocupação de espaços, pelos Conservadores, no meio cultural, para libertar o setor da lavagem cerebral praticada pelo gramscismo aplicado pela Esquerda.

E, pela primeira vez em quase 40 anos, isso está sendo feito, e com êxito, pelo Governo. Eu, aqui nesse pequeno espaço, como um observador atento ao cenário político nacional, vejo com alegria isso.

Porque apenas com a elevação do setor cultural do país ao local de destaque que merece, longe da escravização ideológica e aparelhamento feitos pela esquerda nas últimas décadas, é que poderemos rumar em direção ao refinamento da nossa sociedade, na busca de um conservadorismo brasileiro que resgate os valores e princípios morais de nossos antepassados, e que caminhe na construção de uma cultura genuinamente brasileira, sem as amarras do gramscismo que a aprisionou na mediocridade e na decadência, e que a transformou em um local de prática de ativismo político de extrema-esquerda.

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[2] https://www.facebook.com/PiacesiRamos/photos/a.111571980311134/122181192583546/?type=3&theater

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