Lockdown é um luxo para os ricos, mas um desespero para os pobres

Depois de inúmeras tentativas difusas provenientes de autoridades estatais sobre regulamentações mirabolantes de distanciamento social e resultados pouco satisfatórios, discute-se atualmente a possibilidade de executar lockdown em alguns estados do Brasil — o que pode ser confundido com outros conceitos de distanciamento social e quarentena.

O lockdown se concretiza em uma medida extrema de confinamento quase que absoluto—  implicando em monitoramento constante das vias públicas e uma violação clara da liberdade individual de locomoção dos cidadãos — excetuando certas circunstâncias permitidas pelo decreto, o que provavelmente implicará na permissão de saídas para supermercados e farmácias, sacrificando demais ramos econômicos que precisam de circulação de capital para a sobrevivência.

Já é notável que o decreto de lockdown por parte de Governadores gananciosos por hipertrofia estatal pode gerar consequências deletáveis e danosas ao nosso patrimônio axiomático garantidor das liberdades individuais, uma vez que o simples decreto regulando distanciamento social com cuidados preventivos já culminou em uma série de violações estapafúrdias por parte do poder estatal na esfera privada, coibindo cidadãos pacíficos de passearem em praças à despeito de recomendações médicas da importância das atividades físicas para o robustecimento da imunidade, o que seria crucial para conter o coronavírus e evitar uma sobrecarga ao sistema de saúde.

Se com um simples regramento de distanciamento social já testemunhamos um dos piores pesadelos de violação às liberdades, incluindo até mesmo a coerção que impediu um chefe de cozinha famoso de fazer doações de alimentos aos mais necessitados – fator esse que sequer foi testemunhado em época do regime militar – imagine então os disparates ditatoriais que podem se originar de uma medida tão radical de bloqueio econômico e de circulação dos cidadãos.

Claro que em situações de pandemia é necessário adotar medidas preventivas para evitar a sobrecarga do sistema de saúde, mas isso não implica em circunstância de Estado de Exceção em que as liberdades individuais devam ser massacradas e suprimidas à bel prazer de uma elite burocrática que nunca ligou para o interesse público. Muito pelo contrário, a circunstância de emergência serviu como pretexto para superfaturar bens e recursos numa simbiose criminosa entre alguns Governadores e empresários amigos do poder público — culminando em um festival bizarro de corrupção generalizada digna de um “corona-jato”.

A realidade é simples e inexorável: a supressão mais radical das liberdades individuais irá gerar uma retração muito maior e mais impactante das nossas atividades econômicas, prejudicando ainda mais as camadas mais pobres — comprometendo a arrecadação do Estado e gerando um número ainda maior de dependentes do auxílio em um ciclo retroalimentar desastroso que condenará milhões de vidas desamparadas à fome generalizada e o desespero —  fator esse solenemente ignorado pela elite burocrática e a classe artística lacradora que pede para você ficar em casa enquanto desfrutam banquetes em suas mansões.

A realidade sempre é mais dura que o discurso, e a narrativa não pode ter vez na análise de resultados. A pandemia nos traz um sério problema de saúde pública e gerencial da máquina, mas suas consequências mortais não serão piores do que a mortalidade e a penúria constante das camadas mais vulneráveis e desamparadas sem nenhuma atividade econômica. O Estado não tem recursos suficientes para atender todos aqueles que necessitam de auxílio estatal.

Vale lembrar que a economia se trata de um complexo sistema de cooperação social geral e voluntária. Na simples fabricação de um produto que você compra na prateleira, é necessário a movimentação de uma complexa engrenagem que implica na cooperação, contratos e fornecimentos de matéria-prima entre várias indústrias, empresas e comércios. Uma complexa engrenagem proveniente de uma ordem espontânea mercadológica estará completamente comprometida por medidas extremadas de Governadores ambiciosos por poder e condenará uma massa enorme de indivíduos em situação de penúria à morte, em um desastre muito maior do que as consequências do próprio coronavírus.

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