‘Há um mês não vejo minha filha’: enfermeiros vivem rotina de longas jornadas, baixos salários e, agora, solidão

Com medo de infectar familiares, muitos desses profissionais se isolaram e têm experimentado grande sobrecarga emocional e de trabalho. Último balanço aponta que 10 mil foram afastados com covid-19.

Braulita Braga está há um mês e meio sem ver a filha, Luize.

Desde que a pandemia de covid-19 chegou à cidade de Fortaleza, a enfermeira está isolada da família — inclusive dos pais, com quem costumava almoçar sempre que os horários pouco convencionais da profissão permitiam.

Com 20 anos de experiência como intensivista, trabalhando dentro de UTIs, ela se divide entre dois hospitais da rede privada na capital cearense.

Foi Luize, que completou 17 anos no último dia 25 de abril, que decidiu se mudar temporariamente para a casa “da mãezinha e do paizinho”, como chama os avós, para poupar a mãe de mais uma preocupação.

“Eu sinto saudade… ela me liga às vezes chorosa. Fico com o coração pequeno, me dá uma certa angústia — mas ao mesmo tempo força, porque eu sei que tudo isso vai acabar. Precisa acabar.”

Braulita faz parte de um exército de mais de 1 milhão de profissionais de enfermagem que estão na linha de frente contra o novo coronavírus. Histórias como as dela têm se repetido com frequência durante a pandemia.

Últimas Notícias