ECONOMIA: Associação prevê fechamento de ao menos 15 mil lojas em todo o país pós-pandemia

De acordo com o levantamento divulgado pela Alshop, o número de desempregados no comércio já chega a 120 mil. Em São Paulo, que completou dois meses de quarentena, os empresários temem um confinamento mais restrito nos próximos dias.

Dois meses depois do fechamento parcial do comércio em São Paulo, os lojistas encaram mais uma preocupação: um possível lockdown na capital e na Região Metropolitana. A maioria das entidades ligadas ao setor do comércio e do varejo entende a necessidade da quarentena, mas cobra dos governos federal e estadual medidas para minimizar o impacto econômico.

De acordo com a Fecomércio, 214 mil varejistas fecharam as portas parcial ou totalmente durante o período de isolamento. A projeção de perda entre os meses de março e maio é de R$ 34 bilhões só nos setores não essenciais.

Para o assessor econômico da Fecomercio de São Paulo, Guilherme Dietze, a prorrogação da quarentena, para além de junho, pode ampliar um cenário frágil para as empresas:

“O prejuízo tende a ser muito maior se isso acontecer, obviamente porque as empresas já estão debilitadas financeiramente. O micro ou pequeno empresário tem um fluxo de caixa para aguentar um tipo de crise por, no máximo, um mês. Obviamente, as empresas já estão sem fôlego financeiro. E se a gente tiver um lockdown será, praticamente, a morte de muitos pequenos e micro empresários no estado de São Paulo. E mesmo com uma possível abertura da economia e abertura gradual do comércio varejista, a recuperação tende a ser muito lenta.”

O gerente-geral de uma cervejaria na Grande São Paulo, Marcelo Guimarães, conversou com a reportagem da CBN quando o decreto de fechamento do comércio começou a valer. Dois meses depois, ele conta como está a situação no trabalho:

“Algumas coisas mudaram nesse entremeio, porque a gente acabou desenvolvendo mais o segmento de delivery. E ocorreu um crescimento ali modesto na nossa receita, no segmento delivery. O que não chega nem perto de suprir o que a gente tinha antes. Setenta por cento da brigada teve o contrato suspenso, mas isso só vale até agora o mês de maio. Para o início do mês de junho, já não existe mais o benefício. A gente ainda está aguardando uma decisão, se vai estender a suspensão, ou não.”

Dados da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, a Alshop, mostram que o número de desempregados no setor já chega a 120 mil. A associação também estima que 15 mil lojas em todo o país não devem mais reabrir após o final da pandemia, devido à crise econômica.

A rede de lojas de roupas administrada por Tito Bessa fechou cerca de 20% das 170 lojas que tem pelo país. Ele contou que os contratos de experiência não foram renovados. Tito Bessa também preside a Áblos, a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites. Para ele, os comerciantes não vão aguentar mais um mês sem outro tipo de suporte do governo:

“Não tem outra saída. À medida que isso vai avançando, a gente vai tendo que fazer redução. Seja de lojas, seja de pessoas. A situação para o pequeno e médio lojista chega a ser quase desesperadora. Quanto mais isso se estender, mais a possibilidade do aumento da quebradeira vai aumentar.”

Por enquanto, a Alshop e a Fecomércio recomendam que os comerciantes com dificuldades solicitem o crédito disponibilizado pelo governo estadual por meio do Desenvolve SP, o Banco do Empreendedor, e pelo Banco do Povo.

CNN

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