ARTIGO – 2020: “O ano que não existiu”…

Você pode chamar o ano de 2020 de muitas coisas, exceto de monótono. Como se já não bastasse o vírus chinês nos “abençoando” com férias prolongadas… e fazendo empregados virarem clientes de suas empresas…

Tivemos também uma onda de protestos varrendo as ruas das maiores metrópoles brasileiras e, também, as cidades da maior potência militar ocidental. Testemunhamos do conforto de nossas casas, pelas telas de nossos celulares e televisores, o desastre que nos fora transmitido de maneira difusa por transeuntes anônimos e por jornalistas famosos. Uma profusão de informações chegavam a nós mais rápido do que nossa capacidade de digeri-las, entretanto, mesmo que não as digeríssemos completamente, um padrão se mostrava patente à nossa percepção: havia uma diferença de como os fatos nos foram apresentados segundo a fonte que os apresentava.

Tanto no caso brasileiro quanto no caso americano ocorreu a seguinte semelhança:  Por um lado, havia as filmagens feitas por transeuntes que testemunharam os acontecimentos, e estes vídeos, embora fossem elemento constituintes do conjunto dos fatos, nos mostraram os acontecimentos particulares em maior grau de veracidade, sem interpretações ou opiniões impostas (isso ficava a critério do espectador); por outro lado, a grande mídia nos informava de sua opinião frente ao aspecto geral sem dar a devida atenção ao amálgama de informações que pudessem conflitar com a sua visão do geral. Se houvessem provas audiovisuais que mostrassem que parte dos movimentos de rua pudesse invalidar o rótulo de “protesto democrático”, ou pudesse macular as bandeiras “antifascistas” e “antirracistas” que compunham a égide das manifestações, essas provas não recebiam a devida atenção da investigação jornalística.

No caso brasileiro, os protestos dos autodenominados “antifascistas” não foram devidamente criticados pela imprensa quando se ignora a prova que estabelece uma ligação causal entre violência e a composição ideológica de certos grupos que também são acolhidos sob a égide do antifascismo; no caso americano, os materiais conflitantes à narrativa da grande mídia não receberam atenção proporcional aos fatos que validavam sua visão já consolidada, não examinaram os ninchos ideológicos presentes nas manifestações, não deram a devida ênfase aos saques e despedrações de comércios, ao linchamento de um homem branco inerme e desarmado em plena luz do dia, à agressão física dirigida a um cidadão americano que furou o bloqueio feito pelos manifestantes, além de outros casos que só chegaram à nossa ciência graças à livre circulação de informações que a internet nos proporciona. E como se estes acontecimentos não bastassem, a imprensa americana chegou ao extremo do ridículo quando o repórter da CNN afirmou, ao lado de um prédio incendiado, que os protestos estavam sendo majoritariamente pacíficos e democráticos sem nem ao menos demonstrar alguma curiosidade investigativa ao acontecimento dantesco que acontecia diante das câmeras.

A reivindicação que deu origem aos protestos é indubitavelmente válida; o assassinato bárbaro e desproporcional cometido pelo agente policial de Minneapolis contra Geoge Floyd mostrou o real perigo de se ter um poder coercivo confiado unicamente às mãos do estado. Entretanto, isso não justifica o silêncio ou a pouca ênfase que a grande mídia fez frente a tais excessos. Isso por sí só já deveria induzir o espectador à hipótese de que há uma parcialidade na grande mídia, embora ela negue veementemente.

Infelizmente parte da população não consegue chegar a esta conclusão, e não poque lhes faltam as capacidades que são inerentes às faculdades mentais de todo ser humano, mas porque qualquer forma de cultura e, ouso dizer, espiritualidade genuínas lhes foram usurpadas durante estes últimos anos. O senso-comum fora substituído pelo oficialismo, a capacidade de síntese e interpretação tornou-se um irrevogável monopólio de jornalistas, e articulistas, a inteligência individual só se faz válida se estiver em harmonia com a coletividade. A força do oficialismo midiático se alimenta do enfraquecimento cultural e espiritual da civilização, e a gravidade deste acontecimento se revela, por implicação, quando se há ciência desta simples relação de produto: cultura e espiritualidade são os elementos fundantes de qualquer civilização.

Com a vida cultural e espiritual esvaziadas de seu sentido originário, substitutos artificiais e “manufaturados” tomaram-lhes seus lugares na composição da civilização ocidental. As ciências segundo o bom, o belo e o verdadeiro foram substituídas pelo cientificismo indiferentista; a humildade ante à infinitude da realidade una deu lugar à arrogância relativista; a harmonia da ética greco-cristã deu lugar a cacofônica tríade entre Marx, Maquiavel e Frankfurt; vícios e virtudes se tornaram indiscerníveis; o eterno é uma ilusão; a única constante é a vontade da coletividade desarraigada de qualquer fundamento que tenha a possibilidade de a contrariar no presente ou no futuro. Quando tal perspectiva se impôs no ocidente tal como um algoritmo de percepção, todo o universo de valores humanos são ditados pela narrativa do grupo, e assim ela, a narrativa, escolhe inimigos e aliados, ela canoniza santos e mártires; ela beatifica, julga, perdoa e condena, ela, o espírito de coesão tribal, a egrégora politicamente correta, fecha os olhos para qualquer coisa que dissolva o verniz de justiça colocada nas causas que lhes são agradáveis.

REDAÇÃO A TROMBETA

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