Frases do presidente são tiradas do contexto

Bolsonaro

Praticar o jornalismo com posicionamento político é legítimo. Às vezes, até recomendável. Obscuro é apresentar-se como defensor da objetividade fria, da imparcialidade inamovível, e incrustar um viés ideológico em cada conteúdo. Este é um traço cada vez mais pronunciado na prática jornalística contemporânea. O uso que a imprensa tradicional fez da live que o presidente Bolsonaro exibiu na quinta-feira 6 é um bom exemplo dessa conduta, cada vez mais comum no jornalismo.

• Declarações pinçadas e utilizadas fora de contexto:

“Está chegando a 100 mil (mortes), vamos tocar a vida”, disse Bolsonaro durante a live. Ao leitor que recebe a informação sem contexto, dá a impressão de que Bolsonaro desdenha das mortes em razão da covid-19, como se fosse indiferente à tragédia que a pandemia do coronavírus provocou no país.

• O que realmente foi ditoDurante a live, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, fez um comparativo da covid-19 com a epidemia de HIV no Brasil e pontuou como a população aprendeu a lidar com o vírus por meio de mudança de hábitos – “Essas mudanças pós-pandemia do HIV, o HIV continua existindo, continuam existindo alguns que são contaminados, a maioria se trata, e a vida que segue. E é assim que vai ser também com o coronavírus.” Na sequência, Bolsonaro emendou: “A gente lamenta todas as mortes, está chegando a 100 mil talvez hoje, vamos tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema.”

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