Agronegócio foi o motor da economia: Com safra recorde Brasil rural “foi gerador de riquezas para o mercado interno, para as exportações e para o emprego

Com safra recorde de grãos e aumento nas exportações, o agronegócio “foi gerador de riquezas para o mercado interno, para as exportações e para o emprego. O agro brasileiro não deixou de empregar”, disse a Ministra da Agricultura Tereza Cristina. “O agronegócio foi o motor da economia”.

Tereza Cristina atribuiu a safra recorde de grãos 2019/2020 ao investimento em pesquisa e desenvolvimento e à boa chuva na maior parte dos estados no início do ano. Segundo ela, a articulação com o Ministério da Infraestrutura, no início da pandemia, foi essencial para reduzir problemas de logística e desabastecimentos.

“Nós precisávamos organizar o abastecimento do nosso mercado interno e também não descumprir os contratos internacionais. O Ministro Tarcísio, da Infraestrutura, foi fundamental porque a colheita não pode esperar. O produto precisa ser colhido naquele momento e tivemos um problema de logística e de cuidado com as pessoas nessa pandemia. Montamos um grupo, fizemos um planejamento e, até agora, tudo tem dado certo”, disse a Ministra da Agricultura.

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), continuou crescendo em maio, completando cinco meses sucessivos de alta em 2020.

ra recorde de grãos e aumento nas exportações, o agronegócio “foi gerador de riquezas para o mercado interno, para as exportações e para o emprego. O agro brasileiro não deixou de empregar”, disse a Ministra da Agricultura Tereza Cristina. “O agronegócio foi o motor da economia”.

 INSUMOSPRIMÁRIOAGRO
INDÚSTRIA
AGRO
SERVIÇOS
TOTAL
Maio 2020+0,17+3,08-0,68+0,49+0,78
Janeiro a Maio+1,00+11,67-0,24+4,51+4,62
PIB do Agronegócio: Variação mensal e acumulada (%)
Fonte: Cepea/USP e CNA (agosto/2020)

No mês de maio, a expansão foi de +0,78%, levando ao crescimento de +4,62% no acumulado do ano, com avanço para insumos (+0,17%), primário (+3,08%) e agrosserviços (+0,49%) e queda de -0,68% da agroindústria, refletindo os impactos negativos sobre a indústria de base agrícola das medidas restritivas decretadas por estados e municípios para enfrentar a disseminação do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19.

O PIB do segmento primário do agronegócio cresceu +3,08% em maio, acumulando alta de +11,67% nos 5 primeiros meses de 2020 – o maior crescimento entre os segmentos do agronegócio.

 INSUMOSPRIMÁRIOAGRO
INDÚSTRIA
AGRO
SERVIÇOS
TOTAL
Maio 2020+0,08+4,62-1,15+0,11+0,75
Janeiro a Maio+0,85+15,17-3,07+0,69+2,51
Ramo Agrícola: Variação mensal e acumulada (%)
Fonte: Cepea/USP e CNA (agosto/2020)
 INSUMOSPRIMÁRIOAGRO
INDÚSTRIA
AGRO
SERVIÇOS
TOTAL
Maio 2020+0,37+0,54+0,83+1,22+0,90
Janeiro a Maio+1,32+6,20+9,04+11,53+9,00
Ramo Pecuário:: Variação mensal e acumulada (%)
Fonte: Cepea/USP e CNA (agosto/2020)

No mês, o impulso veio do primário agrícola, cujo PIB cresceu +4,62%, enquanto o do primário pecuário teve alta de +0,54%. No período, as altas foram expressivas
tanto na agricultura quanto na pecuária, de +15,17% e +6,20%, respectivamente.

Primário agrícola

No segmento primário agrícola, os preços médios ponderados das culturas
acompanhadas cresceram +15% entre janeiro a maio de 2020, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Entre os produtos, os destaques em termos de altas de preços foram: milho, café, cacau, arroz, soja e trigo, todos com elevações superiores a +15%. O preço da cana, produto de alta relevância no PIB, também foi maior no período. Além de preços em alta, para o segmento primário, espera-se aumento de +3% na produção, mesmo em meio à pandemia. A expectativa é de safras maiores em 2020 para algodão, arroz, cacau, café, feijão, laranja, milho, soja, trigo e madeira para celulose.

Fonte/arte: © Cepea/USP e CNA (a partir de dados do IBGE, Conab, IEA/SP, FGV, Cepea, Seagri/BA, Udop)
Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2020/2019 com informações de maio. Fonte/arte: © Cepea/USP e CNA (a partir de dados do IBGE, Conab, IEA/SP, FGV, Cepea, Seagri/BA, Udop)

O crescimento esperado real no faturamento anual é de +18% para o segmento primário agrícola.

Primário pecuário

Para o segmento primário pecuário, considerando a média das atividades
acompanhadas, houve alta de +12% nos preços na comparação entre janeiro a maio de 2020 e de 2019, com fortes aumentos para o boi gordo, os suínos e os ovos. Já para a produção, espera-se recuo anual médio de -1,3%.

Pecuária: Variação anual dos preços e do faturamento 2020/2019 com informações de maio. Fonte/arte: © Cepea/USP e CNA
Pecuária: Variação (%) anual dos preços e do faturamento 2020/2019 com informações de maio. Fonte/arte: © Cepea/USP e CNA

Para o segmento primário pecuário, como reflexo dos bons preços, espera-se crescimento do faturamento anual de +11%.

Segmento industrial

Entre os segmentos do agronegócio, a agroindústria tem sido a mais prejudicada
pelas medidas relacionadas ao novo coronavírus. Nesse cenário, o PIB agroindustrial recuou novamente em maio (-0,68%), com o resultado acumulado no ano se tornando também negativo (-0,24%).

Entre os ramos, os cenários são opostos, com a agroindústria de base agrícola enfrentando a conjuntura mais adversa e recuando -1,2% em maio e -3,07% no período. Já a indústria de base pecuária, embora também tenha sentido os reflexos das medidas, cresceu +0,8% em maio, acumulando alta de +9% no período.

Agroindústria de base agrícola

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola para as quais se espera crescimento do faturamento em 2020, com dados até maio, são, apenas: moagem e fabricação de produtos amiláceos, açúcar e óleos vegetais.

Para todas as demais indústrias de base agrícola, se espera queda do faturamento em 2020: biocombustíveis, produtos e móveis de madeira, celulose e papel, têxtil e vestuário, indústria do café, conservas de frutas, verduras e outros vegetais, bebidas e outros produtos alimentares.

Agroindústrias de base agrícola: Variação (%) anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas. Fonte/arte: © Cepea/USP e CNA (a partir de dados do IBGE, FGV e Cepea)
Agroindústrias de base agrícola: Variação (%) anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas. Fonte/arte: © Cepea/USP e CNA (a partir de dados do IBGE, FGV e Cepea)

Para a indústria do açúcar, a importante expansão esperada no faturamento (+44%) é reflexo dos aumentos tanto nos preços (+22%), na comparação de janeiro a maio de 2020 frente a janeiro a maio de 2019, quanto na produção esperada para o ano (+18,5%). De acordo com o último levantamento da Conab, o setor está intensificando a produção do açúcar visando vendas no mercado externo, com o intuito de reduzir o impacto da dupla crise que atinge o mercado de biocombustível. Assim, deverá ser destinado uma maior quantidade de ATR para a produção de açúcar em detrimento do etanol. Há uma janela de oportunidades para o setor brasileiro devido aos problemas de produção na Tailândia e nos embarques de alguns países exportadores (por exemplo, a Índia).

Agroindústria de base pecuária

Quando analisada a agroindústria de base pecuária, somente a do abate e preparação de carnes e pescados apresenta projeção de crescimento de seu faturamento anual, ao passo que as indústrias de laticínios e calçados apresentam projeção de queda.

Para a indústria do abate e preparação de carnes e pescados é esperado crescimento de +14% do faturamento anual, impulsionado pelo avanço de +17% dos preços reais na comparação entre janeiro a maio de 2020 frente ao de 2019. Para a produção, espera-se queda de -2,3%. Apesar da alta na comparação com os cinco primeiros meses de 2019, especificamente em maio, os preços das carnes foram pressionados para baixo.

  • Carne de frango – as vendas nacionais foram marcadas por menor liquidez, aumento nos estoques e consequente queda nos preços, ao passo que as exportações estiveram aquecidas, com destaque para a demanda chinesa.
  • Carne suína – houve melhora das vendas no início de maio, favorecendo as cotações, mas queda depois disso, devido às dificuldades em escoar a produção frente às medidas de isolamento social que afetaram estabelecimentos de food service. Por outro lado, as exportações de carne suína atingiram patamar recorde em maio.
  • Carne bovina – os preços negociados no mercado atacadista da Grande São Paulo estiveram enfraquecidos em maio, diante da demanda doméstica arrefecida.

Na indústria de laticínios, a redução esperada de -10% para o faturamento anual
se deve à queda esperada de -12% na produção de derivados em 2020. Os preços
observados, por sua vez, estão +2% acima dos registrados no mesmo período de 2019 e, especificamente em maio, houve leve elevação.

Exportação

Tereza Cristina ressaltou que as exportações do agronegócio cresceram 10% no primeiro semestre, comparado ao mesmo período de 2019, e totalizaram US$ 61 bilhões.

“O Brasil é o celeiro do mundo. Alimentamos nossos 212 milhões de habitantes e exportamos para alimentar mais de 1 bilhão de pessoas no mundo”.

Para a Ministra, a abertura de novos mercados foi imprescindível para manter o crescimento das vendas externas e diversificar a pauta, reduzindo a dependência da soja e das carnes. Segundo ela, o Brasil passou a exportar alimentos para 51 novos mercados apenas em 2020 como resultado de negociações com parceiros comerciais. Desde 2019, 89 novos mercados foram abertos para o agronegócio brasileiro.

Entre os produtos que passaram a ser exportados, estão laticínios (queijo, iogurte e leite em pó) para a China, castanha de baru e chá-mate para a Coreia do Sul, peixes para a Argentina, castanha para a Arábia Saudita e gergelim para a Índia.

Outro fator que, segundo a Ministra, deve impulsionar as exportações brasileiras é o reconhecimento de quatro estados – Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia –  e de regiões do Amazonas e do Mato Grosso como áreas livres de febre aftosa sem vacinação.

Trimestralmente, o Cepea acompanha o desempenho do comércio internacional do agronegócio. Os dados mais recentes do setor estão disponíveis na tabela abaixo:

 1º SEMESTRE
2020/2019
JUNHO
2020/2019
Volume+16,5%+36,8%
Preço em Dólar-4,0%-5,6%
Faturamento em Dólar+11,7%+28,0%
Índice câmbio Agro+15,1%+21,1%
Preço em Real+10,6%+14,3%
Faturamento em Real+32,2%+55,5%
Desempenho das exportações do agronegócio
Fonte: Cepea (agosto/2020)

Agronegócio em São Paulo

Segundo o Cepea, a participação paulista representa 20% do PIB do agronegócio brasileiro e aproximadamente 15% do PIB estadual, gerando 15% dos empregos formais do estado. A maior parte desses empregos está na agroindústria (35%) e agrosserviços (47%), ficando o segmento primário com 16%.

Com informações do Cepea, CNA, Agência Brasil

Últimas Notícias