Grupo apoia posição do governo Bolsonaro na ONU contra aborto e aponta ‘incoerência’ de países adversários

Movimento Brasil Sem Aborto elogiou postura do governo brasileiro na ONU, que assinou na semana passada declaração internacional contra a interrupção da gravidez e em defesa da família tradicional.

No dia 22 de outubro, o Brasil apoiou iniciativa promovida pelos Estados Unidos, sob liderança do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e mais 31 países, entre eles Arábia Saudita, Egito, Sudão, Congo, Egito, Uganda e Emirados Árabes Unidos. Da Europa, apenas Hungria, Polônia e Belarus endossaram o documento. 

De acordo com os signatários, objetivo da Declaração de Consenso de Genebra é  defender os direitos e a saúde das mulheres, preservar a vida humana, fortalecer as famílias e a soberania nacional na política global. O documento diz ser contra o aborto, afirmando que o  procedimento “não deve ser promovido como método de planejamento familiar” e que “a criança precisa de proteção e cuidados especiais antes e depois do nascimento”, segundo publicado pela Deutsche Welle. 

Allan Araújo, secretário-geral do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida: Brasil Sem Aborto, defende o “direito à vida desde a concepção” e diz que o apoio do Brasil ao documento é “positiva”. 

Segundo ele, o fato de a maioria dos países não terem endossado o documento não representa um problema para o Brasil, mas, em realidade, demonstra a “contradição” de muitas nações que defendem o direito das mulheres interromperem a gravidez. 

‘A gente está falando da Arábia Saudita’

Já a advogada Isabela Del Monde, uma das fundadoras da Rede Feminista de Juristas e Conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil seção São Paulo, diz que o apoio do Brasil à declaração é “incongruente e incoerente com os demais tratados de proteção dos direitos das mulheres que o país já é signatário”, como a Convenção de Belém, e “que estão incorporados à legislação brasileira”. 

Recentemente, a discussão do aborto retornou ao debate público brasileiro com a caso de uma menina de dez anos estuprada pelo tio no Espírito Santo. Pela lei, a criança poderia optar por interromper a gravidez. O aborto foi realizado no Recife, após hospital na cidade capixaba onde a menor vive se recusar a efetuar o procedimento. Apesar de respaldado pela lei, alguns grupos contrário ao aborto protestaram conta a interrupção da gravidez da menina. 

PEC da Vida

No Congresso, existem grupos que defendem tanto o direito das mulheres realizarem aborto como se posicionamento contra a prática, como a Frente Parlamentar Mista Contra o Aborto e em Defesa da Vida, criado no fim do ano passado. 

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que mães de fetos anencéfalos têm o direito de interromper a gravidez. As outras situações em que o aborto é autorizado no Brasil são em casos de estupro e risco de morte para a gestante. 

Alguns deputados e senadores pedem que apenas o Congresso decida sobre o tema. Em tramitação no Senado, a Proposta de Emenda à Constituição 29/2015, chamada de PEC da Vida, que aguarda designação de relator, defendia em seu texto original a proibição do aborto em qualquer situação no Brasil. No entanto, a última relatora da PEC, Selma Arruda (Podemos-MT), que teve mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alterou a proposta para incluir a permissão nos casos previstos no Código Penal: estupro e risco de morte da mãe. 

Parlamento ‘tem posição definida’

O secretário-geral do movimento Brasil Sem Aborto diz que a “maioria do Parlamento hoje tem uma posição definida contra o aborto”. Para Allan Araújo, alguns grupos pressionam para “judicializar” a questão com objetivo de legalizar o aborto.

ELE CRITICA A DECISÃO DO STF QUE LIBEROU A INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ PARA GESTANTES DE FETOS ANENCÉFALOS, MAS DEFENDE “O CÓDIGO PENAL VIGENTE”, QUE “CRIMINALIZA” O ABORTO, MAS PREVÊ O “EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE” NOS CASOS DE ESTUPRO E RISCO DE MORTE PARA A GESTANTE.

*SPUTNIK NEWS

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