Em entrevista à Época, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, disse que o ministro Edson Fachin errou ao anular todas as condenações de Lula e considera que a decisão vai ser revista em plenário da Corte.

Ele ainda defendeu nesta quinta-feira (11) o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, disse que Cármen Lúcia não deve mudar seu voto e que Kassio Nunes Marques é obrigado pelo regimento a devolver o caso da suspeição de Moro à Segunda Turma do STF na semana que vem.

“O que me assusta é o que o herói nacional, o mocinho, está sendo tomado como bandido. O ex-juiz Sergio Moro. Isso não se coaduna com o Estado democrático de direito. Imagina-se que ele estivesse a um só tempo como Estado julgador, como juiz, e Estado acusador, como Ministério Público. Mantemos diálogos com o MP. Nos 42 anos, mantive diálogo com membros do Ministério Público e advogados de qualquer das partes. Isso é normal”, disse Aurélio ao comentar os fatos dessa semana.

“O único erro que ele cometeu — e disse a ele quando ministro da Justiça — foi ter deixado um cargo efetivo, com direito à aposentadoria, para ser auxiliar de um presidente da República, virando as costas para uma cadeira que para mim é sagrada, que é a cadeira de juiz. E estou perplexo diante da decisão do ministro Edson Fachin de anular os processos-crime depois de os processos terem percorrido todas as instâncias”.

Ao ser questionado se haverá mudança de voto na Segunda Turma do STF, ele respondeu: “Não muda. Mas o ministro Nunes Marques é sempre uma incógnita porque tem pouco tempo de Tribunal, não podemos nem supor”.

“Espero que ele observe o regimento interno quanto ao prazo que tem para estudar o processo. São duas semanas a partir daquela em que ele pediu vista. Na terça-feira da outra semana ele tem que devolver”, afirmou Aurélio ao comentar sobre Kassio Nunes ter pedido vista do julgamento da suspeição de Moro.