Na Nicarágua, o sexto pré-candidato à presidência é preso

Imagem do líder estudantil da Nicarágua Lesther Alemán em 2018, quando ele interrompeu uma fala de Daniel Ortega — Foto: Alfredo Zuniga/AP

A polícia da Nicarágua prendeu, na segunda-feira (6), Medardo Mairena, um líder camponês que pretendia se lançar como candidato à presidência do país.

Desde o fim de maio, seis políticos que tinham planos para concorrer à presidência foram presos pelo governo de Daniel Ortega.

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Além dos presidenciáveis, foram presos outros 21 militantes políticos da oposição ao regime de Ortega.

Ortega está em seu terceiro mandato. No começo do ano que vem, ele tentará ser reeleito para o quarto.

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Nesta semana, além de Mairena, foram presos três líderes camponeses. Eles participaram de manifestações em 2018 e já tinham sido presos por isso. Naquela ocasião, o governo da Nicarágua disse que as manifestações eram uma tentativa de golpe de Estado.

Também foram presos líderes estudantis. Na terça-feira, um dos que foram presos foi Lesther Alemán. Em 2018, em um encontro de estudantes com Ortega, Alemán pediu ao líder do país que interrompesse a repressão aos movimentos de rua.

Alemán estava em uma casa com sua mãe quando foi detido, na terça-feira.

A polícia não divulgou nenhum comunicado sobre as prisões.

A organização estudantil à qual Alemán pertence foi criada depois das manifestações de 2018. O grupo já havia decidido fazer uma aliança eleitoral com um partido de oposição a Ortega.

Tática de Ortega

O governo de Ortega tem usado uma lei aprovada em 2020 para silenciar e punir opositores, a “Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz”.

Ela tem servido de pretexto para prender opositores, tornando ilegal o financiamento de ONGs, e acusá-los de lavagem de dinheiro por doações internacionais, como a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

Daniel Ortega tem 75 anos, está há 14 anos consecutivos no poder e tem sua mulher Rosario Murillo, como vice.

Ele já havia ocupado a presidência antes. Desde que foi eleito pela segunda vez, em 2007, passou a atacar as instituições democráticas, alinhando-as ao governo, e a perseguir opositores e jornalistas.

Ex-revolucionário sandinista, Ortega moldou o país como um regime totalitário com falso verniz democrático, realizando eleições a cada cinco anos, mas sem alternância de poder.

Para isso, nomeou juízes da Suprema Corte que asseguraram, em 2018, reeleições indefinidas. Ortega também reprimiu com violência os protestos que atingiram o país há dois anos, o que resultou em mais de 300 mortos.

O governo considera que as manifestações de 2018, que também terminaram com milhares de exilados, foram uma tentativa de golpe de Estado para afastar Ortega do poder.

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