OPINIÃO: “Lula, o padre!”, por Renato Cunha Lima

Por Renato Cunha Lima

Quem esperava que a vinda do peregrino, do ex-condenado, do ex-presidente Lula à capital potiguar contaria com um cortejo de seus fiéis se enganou, pelo minguado número de militantes que acompanharam sua passagem.

Recepcionado com faixas espalhadas por toda a cidade, ironizando e lembrando seu currículo criminal, a presença de Lula em Natal ainda lhe rendeu a honraria de título de cidadão natalense, entregue pela câmara municipal.

Contudo, a estrela petista, assim como em outros estados nordestinos, pousou em terras potiguares na condição de padre casamenteiro, isso mesmo, entenda…

Nos jantares e almoços, com a fatura nababesca de comes e bebes, correligionária e babões, houveram encontros com empresários envergonhados ou desavergonhados, melhor dizendo, assim como o “prato principal”, o jantar com o ex-senador Garibaldi Alves e o deputado Walter Alves, presidente estadual do MDB.

Neste jantar, entre goles e garfadas, o pedido de casamento entre a governadora Fátima e o MDB do clã Alves, que o padre Lula veio abençoar. Um casamento que não seria tão indigesto e exótico olhando a dinâmica da política, mas que vai deixar muita gente engasgada.

Bom lembrar que até outro dia Fátima Bezerra se colocava contra as chamadas oligarquias, assim como fervorosamente, na tribuna do Senado, vociferava “Gopi, Gopi, Gopi”, em face do impeachment da Dilma e a ascensão do mdbista Michel Temer à presidência da república.

Na esteira do “Vele tudo” pelo poder, o pragmatismo, para Garibaldi a oportunidade de emplacar o seu herdeiro político, Walter Alves, na condição de vice-governador num possível segundo mandato da governadora Fátima.

Lembrem que na hipótese de eleitos, Walter Alves teria tradicionalmente chances de assumir o governo no último ano do novo mandato, quando Fátima renunciasse para disputar outro cargo eletivo, já que não poderia mais se reeleger, ou seja, o jogo não é pensado apenas para 2022, mas também para 2026.

Resta saber como será o julgamento popular deste casamento abençoado pelo padre Lula, que visa sem sombra de dúvidas ampliar, a todo custo, seu palanque presidencial para 2022, mesmo que para isso a companheira Fátima venha servir de trampolim para retomo dos Alves ao poder no Rio Grande do Norte.

Assim como, os eleitores tradicionais da família Alves irão julgar a aliança com o PT de Lula, que carrega máculas éticas profundas diante dos escândalos bilionários de corrupção que seguem na memória de todos os brasileiros.

Lula foi o padre, mas é casamento para divórcios, um divórcio com biografias e coerências. A sorte é que o povo será o juiz!

— Eita!!! Quando terminei o artigo, chegou a notícia da operação “Lectus”, leitos em latim, da Polícia Federal e da CGU, que investiga desvios na aplicação de recursos federais na contratação de Leitos para pacientes Covid-19 no Estado. Ironia, por onde Lula passa a PF vem atrás!

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