Manifestações mostram Bolsonaro forte e reduzem chance de terceira via, diz Novus

O sócio-gestor Luiz Eduardo Portella, da Novus Capital, diz que surpreendeu a adesão às manifestações, em contraposição às pesquisas que mostram baixa popularidade do presidente


“O mercado estava louco para enxergar uma luz no fim do túnel, uma terceira via, mas as manifestações mostram um Bolsonaro forte, o que reduz essas chances”, diz Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Novus Capital, logo após o discurso do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações do 7 de setembro na Avenida Paulista.


O tom duro contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes e contra Luís Roberto Barroso, à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dificulta uma solução para o pagamento de precatórios, diz. “Essa era uma solução com a qual a equipe econômica estava animada, mas diminuiu a probabilidade. Volta o cenário de resolver via PEC [proposta de emenda constitucional], daí tem sempre o risco no Congresso, pode sair um jabuti”, afirma Portella.


“Vamos continuar no marasmo, esperando uma solução para os precatórios, para o Bolsa Família e a crise hídrica continua aí.”
O gestor diz que surpreendeu a adesão aos protestos, em contraposição às pesquisas que mostram baixa popularidade do presidente. Será importante monitorar os próximos dias, se, eventualmente o presidente vai baixar o tom e tentar algum tipo de conversa com os poderes Legislativo e Judiciário. “O Bolsonaro tem que parar de esticar a corda, se o Brasil não andar, ele não tem chance de reeleição.”
Portella afirma que, sob muitos aspectos, os preços dos ativos brasileiros estão baratos. Mas com o cenário eleitoral nebuloso, a escolha foi ter posições menores em Brasil. A bolsa é uma das preferências, mas com proteção, com uma opção de venda do EWZ, o referencial de ações no Brasil em dólar. “Como os preços estão bons, se houver alguma notícia positiva dá para entrar grande nas posições.” O real, que se descolou dos seus pares emergentes, seria uma das possibilidades.
A concretização de um encontro do Conselho da República, como Bolsonaro chegou a indicar mais cedo, poderia promover alguma distensão, diz Portella.


Conforme a Constituição, numa convocação para discutir a estabilidade das instituições democráticas, o colegiado teria participação do presidente e seu vice, os presidentes da Câmara e do Senado, os líderes da maioria e da minoria das casas legislativas, além do ministro da Justiça e de seis cidadãos.
Por: Valor PRO.

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