Sob pressão, o comunista Pedro Castillo tenta se manter no poder no Peru

O comunista linha-dura Guido Bellido será substituído pela feminista esquerdista Mirtha Vázquez, do partido Frente Ampla

astillo, presidente do Peru, acena com o agora ex-primeiro-ministro Guido Bellido

Da Derecha Diário
– redação Latinoamérica

O presidente do Peru, o comunista Pedro Castillo, finalmente cedeu às pressões do Congresso e pediu que Guido Bellido, até essa quarta-feira, 6, seu Chefe de Gabinete e Primeiro Ministro, renunciasse. Sua saída também significou a renúncia de todo o seu Gabinete, o que voltou a criar um vácuo de poder no país que se mantém em plena crise política há 4 anos.

Castillo nomeou Mirtha Vásquez, uma advogada de 46 anos que presidiu o Congresso até o final de julho e que pertence à Frente Ampla e não, como Bellido, ao partido governista Peru Libre, como sua sucessora à frente do Gabinete. Isso significa uma queda acentuada na influência de Vladimir Cerrón no governo Castillo e um aumento no setor menos radical.

Queda de braço

Desde sua posse, o governo Castillo está sob pressão do Congresso, tanto de deputados de direita, que exigem um Gabinete sem figuras vinculadas ao terrorismo, quanto de legisladores de esquerda, que exigem um Conselho de Ministros com figuras respeitáveis e feministas.

Convém lembrar que Castillo chegou ao poder com o partido Peru Libre, formação comunista ligada ao Sendero Luminoso e controlada por Cerrón, que tentou se candidatar à vice-presidência (em movimento semelhante ao da Argentina com Cristina e Alberto), mas a Justiça o deteve; múltiplas causas de corrupção pesam sobre o líder comunista.

Até hoje, o governo era dirigido pelo próprio Cerrón através de Bellido, com um gabinete que havia dado pouco espaço a outros aliados de esquerda do governo, como Frente Ampla, Juntos pelo Peru e Partido Púrpura, partidos que rejeitam as propostas mais radicais do Peru Libre.

Criminoso

Em um primeiro momento, Vázquez disse que pedirá a permanência dos ministros Oscar Maúrtua (chanceler), Pedro Francke (Economia), Hernando Cevallos (Saúde), Aníbal Torres (Justiça) e Iber Maraví (Trabalho).

Esses nomes, no entanto, não são essenciais para o novo governo, e não seria surpreendente se novos membros fossem procurados nas próximas semanas, especialmente no caso de Maraví, que está prestes a ser processado pelo Congresso por suas ligações com o terrorismo de guerrilha na década de 90.

Ajoelhou

“Tanto a questão da confiança, interpelação e censura, não devem ser utilizadas para criar instabilidade política, o Peru espera muito de suas autoridades, é hora de colocar o Peru acima de toda ideologia e posição partidária isolada”, destacou Castillo na breve mensagem com que ele anunciou a saída de seu primeiro-ministro.

Além disso, Castillo defendeu a propriedade privada, o que foi considerado uma crítica ao terrorista Bellido, que estava promovendo a nacionalização da operação do campo de gás de Camisea.

“Ratificamos o compromisso do Peru com o investimento privado, destacando a necessidade de operar sem corrupção e com responsabilidade social, priorizando a diversificação produtiva nacional”, disse o presidente.

Essa profunda mudança no Gabinete significa duas coisas: o poder de Cerrón no governo cai e a influência de Marcos Arana, Pablo Guzmán e Verónika Mendoza no Executivo aumenta consideravelmente.

Últimas Notícias