‘Abandonados pelos mercenários mundiais: Com mais de um bilhão de habitantes, África vacinou cerca de 3% da população contra Covid

Enfermeira mede a temperatura de pessoas que se preparam para receber a vacina contra a Covid-19 da Moderna em Lagos, na Nigéria, em 25 de agosto de 2021 — Foto: Sunday Alamba/AP

Autoridades pediram a fabricantes que facilitem a venda de imunizantes para a região. ‘Nós não deveríamos ter que contar com a doação de vacinas’, o enviado especial da União Africana para a Covid. ‘Nós queremos comprar vacinas’.

Autoridades alertam para os baixos índices de vacinação contra a Covid-19 na África: cerca de 3,5% da população totalmente imunizada, segundo dados divulgados na terça-feira (14).

O balanço foi anunciado pelo diretor do centro africano de controle e prevenção de doenças (Africa CDC), John Nkengasong, durante uma coletiva de imprensa. Ele lembrou que o índice é bem inferior ao objetivo oficial de 60% almejado pelas autoridades.

Diante da situação, o enviado especial da União Africana para a Covid-19, Strive Masiyiwa, lançou um apelo para que os fabricantes facilitem a venda de imunizantes para a região, que conta com um nível de doações internacionais bem abaixo do esperado.

“Compartilhar as vacinas é uma boa coisa. Mas nós não deveríamos ter que contar com a doação de vacinas”, afirmou Masiyiwa na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Genebra. “Nós queremos comprar vacinas”.

Ele lembrou que a União Africana criou um Fundo africano para a aquisição de imunizantes (Avat), e que os fabricantes têm a “responsabilidade moral” de vender doses para os países da região. “Esses fabricantes sabem muito bem que nunca nos deram o acesso apropriado [às vacinas]”.

Os países africanos “foram abandonados pelo resto do mundo”, resumiu o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A entidade, que espera imunizar pelo menos 40% da população do continente até o final do ano, pediu novamente que os países ricos não lancem campanhas de terceira dose da vacina, como já ocorre em Israel e na França.

Estados Unidos, Alemanha e Suécia também anunciaram que vão lançar uma campanha de aplicação de uma dose de reforço, mas o diretor da OMS defende que a prioridade seja dada a uma distribuição das doses em todos os países, não apenas nas nações mais ricas.

G1

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