Morre o pianista Nelson Freire, aos 77 anos

Aclamado mundialmente e considerado um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, ele faleceu em casa, no Rio

Nelson Freire, um dos mais talentosos pianistas de todos os tempos

O Brasil perdeu na madrugada desta segunda-feira, 1º, aquele que é apontado como um dos mais talentosos pianistas do mundo e um dos grandes artistas da história do país. Aos 77 anos, Nelson Freire faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Em 2019, Freire sofreu um acidente durante uma caminhada no Rio e teve de ser submetido a cirurgias no ombro. O músico tinha retorno aos palcos programado para o ano passado, mas os recitais foram cancelados por causa da pandemia de covid-19. Há cerca de dois meses, ele cancelou sua participação como jurado no tradicional Concurso Chopin de Varsóvia.

Trajetória

Nelson Freire nasceu na cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais, no dia 18 de outubro de 1944. Talento precoce, fez seu primeiro recital de piano aos 5 anos de idade. Segundo familiares, começou a tocar aos 3 anos, vendo sua irmã fazer aulas de piano.

Quando sua família deixou Minas rumo ao Rio de Janeiro, Freire passou a receber orientação das pianistas Nise Obino e Lúcia Branco. Aos 12 anos, foi um dos vencedores do Concurso Internacional de Piano do Rio.

Ainda jovem, Freire foi à Europa para estudar com os melhores professores do mundo. Aos 15, já dava seus primeiros concertos. Aos 19, venceu o Concurso Internacional Vianna da Motta, em Lisboa. Aos 24 anos, estreou com a Orquestra Filarmônica de Nova York.

Depois de uma apresentação nos Estados Unidos, Freire foi classificado pela revista Time como “um dos maiores pianistas desta ou de qualquer outra geração”.

Aclamado pela crítica especializada internacional, Freire se apresentou com as principais orquestras do mundo. Também era apontado como um dos grandes intérpretes de Beethoven e Chopin.

Freire tocou em mais de 70 países e é o único brasileiro incluído na lista dos maiores pianistas do século 20, coletânea de 100 volumes lançada mundialmente. Também trabalhou com prestigiados regentes, entre os quais André Previn, Rudolf Kempe, Pierre Boulez, Kurt Masur e Lorin Maazel.

Nelson Freire passou décadas sem fazer gravações, só apresentando-se ao vivo. A partir de 2001, começou a lançar grandes discos, como o dedicado à obra de Debussy. Também fez interpretações da obra de Villa-Lobos.

R OESTE

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