A CORRUPÇÃO ESQUECIDA: Marqueteiro que levou o PT ao poder, Duda Mendonça revelou que recebeu R$ 15,5 milhões do PT por meio de caixa dois

PT comemora aniversário de 31 anos com Lula e militantes, em 2011 | Foto: Reprodução/Facebook

Na manhã de 11 de agosto de 2005, o publicitário Duda Mendonça apareceu de surpresa no Congresso Nacional. Brasília vivia dias intensos, incendiada pela crise do mensalão. Duda se apresentou para falar espontaneamente à recém-instalada CPI dos Correios, a investigação precursora dos escândalos da era Lula. O depoimento durou dez horas.

Marqueteiro da vitoriosa campanha que levou o PT ao poder depois de três tentativas frustradas, Duda revelou que recebeu R$ 15,5 milhões do PT por meio de caixa dois — uma fatia da grana depositada em paraísos fiscais. O dinheiro fora repassado por Marcos Valério, cujo nome havia sido lançado no noticiário político-policial pelo deputado Roberto Jefferson. Era o “carequinha” que carregava as malas de dinheiro vivo para comprar os votos de parlamentares — o operador do mensalão. O que faltava era quitado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Quem coordenava o propinoduto era o ministro mais poderoso da República: José Dirceu.

“Esse dinheiro era claramente de caixa dois, a gente não é bobo. Nós sabíamos, mas não tínhamos outra opção, queríamos receber”

Na tarde daquela quinta-feira, Duda implodiu a aura de honestidade do PT. Deixou deputados e senadores do partido atônitos. Os deputados Chico Alencar (RJ), Doutor Rosinha (PR), Walter Pinheiro (BA), entre outros, choraram no plenário. O mineiro Paulo Delgado foi um dos primeiros a pedir que os dirigentes da sigla pedissem perdão ao país. Horas antes, o presidente do PT, Tarso Genro, havia tentado tranquilizar a bancada sobre a existência do mensalão. “O que nós vamos dizer à militância? Esperamos que Lula diga à nação tudo o que sabe”, esbravejou Orlando Fantazzini (SP), um dos que abandonaram o partido nas semanas seguintes.

Os jornalistas que presenciaram a lamúria ainda viram a provocação do oposicionista Ney Lopes (PFL-RN) no plenário: “Estou assistindo ao velório do PT”.

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