LSF | Brasil

Preso do 8 de janeiro morre na Papuda

O Diário do Poder acaba de receber, por meio da advogada Tanielly Telles de Camargo, a informação de que Clériston Pereira da Silva (45), um dos presos pelo 8 de Janeiro, morreu dentro da Papuda, na manhã dessa segunda-feira (20).

O ‘patriota’, como são denominados os presos pelo ocorrido no fatídico dia, tinha comorbidade atestada por laudos e obteve da PGR parecer favorável para revogação de prisão mediante medidas cautelares, ambos ignorados pelo ministro relator dos inquéritos, Alexandre de Moraes.

“O requerente possui a sua saúde debilitada em razão da COVID 19, que lhe deixou sequelas gravíssimas, especificamente quanto ao sistema cardíaco, conforme laudo médico anexo. Esse fato deve ser entendido como uma situação elencada no art. 318, II, do CPP: “Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: II – extremamente debilitado por motivo de doença grave”, escreveu a defesa em uma das três petições encaminhadas ao STF. 

A PGR assentiu no mês de setembro “pelo deferimento do pedido de liberdade provisória a CLERISTON PEREIRA DA CUNHA, cumulado com as medidas cautelares diversas da prisão”.

A advogada tomou conhecimento do ocorrido mediante o relato de um de seus assistidos: Geraldo Filipe, homem em situação de rua, preso pela depredação de prédios públicos sem provas que corroborem com seu envolvimento, de acordo com as informações da advogada.

Filipe também teria recebido aval da PGR para responder em liberdade, mas até agora a recomendação também foi ignorada por Moraes.

Tragédia anunciada

Segundo o relato da advogada ao Diário do Poder, Cleriston teve parada cardíaca por volta das 10h, quando companheiros de cela tentaram reanimá-lo.

Ainda segundo Tanielly, o socorro demorou ‘cerca de 25 minutos para chegar’.  A informação do óbito teria chegado aos detentos por volta das 13h.

O episódio teria gerado uma tentativa de ‘rebelião’ dentro da papuda.

“Nesse momento, revoltados, os presos estão sob forte represália, a gente sabe que é isso que acontece dentro de uma prisão”, afirmou a advogada.

 Sobre a morte de Cleriston, Tanielly afirma: “foi uma tragédia anunciada”. 

Sem êxito, o Diário do Poder tentou contato com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal para apurar mais detalhes do ocorrido e segue com espaço aberto à manifestação.