O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), disse nesta segunda-feira (14/4) que o projeto de lei da anistia é uma “continuidade do golpe de 8 de janeiro”. O deputado tem articulado nas últimas semanas junto ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar conter as investidas da oposição para pautar o tema.
Na semana passada, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a oposição já havia alcançado as 257 assinaturas necessárias para levar o pedido de tramitação em regime de urgência ao presidente da Câmara.
“O deputado que assina esse PL está depredando simbolicamente o Supremo e todas as instituições. Alguém acha razoável o Poder Legislativo interferir no Poder Judiciário de forma tão grosseira como esta para obstruir e anular um julgamento que está para começar?”, questionou Lindbergh em um post no seu perfil do X.
“Eu queria que os parlamentares soubessem: aqueles que estão assinando essa aventura estão se associando a uma organização criminosa que tenta impedir um julgamento isento do Supremo Tribunal Federal. Esse projeto é nitidamente inconstitucional”, continuou.
O PL da Anistia é a continuidade do golpe de 08 de janeiro. O que foi aquilo? Um brutal ataque às instituições. Esse PL não é para pacificar o país, é para continuar o golpe porque o ataque às instituições continua de forma muito violenta. O deputado que assina esse PL está…
Para Sóstenes Cavalcante, o assunto deve ser “página virada” em alguns dias. “Estou confiante de que a anistia é uma questão de dias, no máximo algumas semanas, para que a gente possa virar essa página na Câmara dos Deputados e poder te levar lá no Senado a missão de que você, junto com o presidente Alcolumbre e seus outros 80 pares daquela Casa Alta, possa também, com celeridade, apreciar a matéria e aprovar”, disse ao senador Carlos Portinho (PL-RJ), na presença de jornalistas, na sexta-feira (11).
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“O meu cronograma é, na reunião de 24 de abril, nós finalmente inserirmos na pauta da Câmara dos Deputados este requerimento de urgência. Na semana seguinte, eu acho que este é um assunto que já está maduro. Com toda a sinceridade, colegas deputados, imprensa aqui presente, eu tenho a convicção de que, em chegando no plenário, este texto vai passar com mais de 300 votos”, afirmou Sóstenes.
Motta, no entanto, tem evitado se comprometer com a oposição nesse tema. A avaliação de parlamentares ouvidos nas últimas semanas pelo Correio é de que ele não deseja se indispor com o governo Lula nem com o Supremo Tribunal Federal.
Entretanto, nomes ligados ao próprio governo Lula já admitem que algumas das condenações aos golpistas do 8 de janeiro foram desproporcionais, o que pode abrir espaço para um diálogo entre governistas e oposição — possivelmente mediado por Hugo Motta — sobre o assunto.
Correio Braziliense