Interlocutores de dentro e fora do Palácio do Planalto têm acompanhado o avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre a atuação da cúpula atual da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com a visão de que se instala um novo desgaste para o governo.
A visão compartilhada por fontes à CNN é de que há um cabo de guerra entre o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa.
Ao centrar forças na Abin de Lula, a visão desses interlocutores do governo é de que se tira o foco da Abin de Bolsonaro, que antes era um potencial objeto de exploração política pelo governo petista.
Nesta quinta-feira (17), o atual diretor da agência prestou depoimento por cerca de cinco horas à PF, com base no inquérito sobre a chamada “Abin Paralela”, que investiga suspeitas de uso ilegal do órgão na gestão Bolsonaro.
Luiz Fernando Corrêa e o ex-diretor adjunto da agência, Alessandro Moretti, que depôs separadamente por sete horas, foram questionados sobre suposta interferência da gestão da Abin nas apurações do esquema ilegal que ficou conhecido como “Abin Paralela”.
O chamado de Corrêa para prestar depoimento foi visto como mais um episódio do cabo de guerra entre ele e Andrei Rodrigues.
Os dois são considerados adversários dentro do governo. Corrêa ocupou o cargo que hoje é de Rodrigues no segundo mandato do presidente Lula, e há uma visão de que os dois brigam por espaço e que a richa já foi longe demais.
A recente revelação do caso de espionagem ao Paraguai ajudou a elevar a tensão. A operação teria sido criada ainda no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e a suspeita é que teria sido mantida no início da atual gestão.
O presidente Lula convocou Corrêa e Rodrigues para prestar esclarecimentos sobre esquema, o que foi visto como uma “acareação entre os dois”, ainda que o governo negue.
O diretor da Abin também enfrenta desgaste dentro da própria agência. Por ser egresso da PF e não dos quadros da agência, há resistência dos servidores à permanência dele no cargo. Funcionários do órgão recorrentemente pedem a saída dele do cargo.
CNN Brasil