O espanhol Diego Neria Lejárraga, que em 2015 se tornou a primeira pessoa transgênero da história a ser recebida por um papa, disse que, com essa visita, o papa Francisco salvou sua vida “espiritualmente” e dissipou “toda a dor” que a instituição havia lhe causado durante sua vida. Ele deu declarações à Agência EFE, nesta segunda-feira (21).
– Nós éramos muito bons amigos. Não é que ele tenha me recebido. É que tínhamos uma amizade muito boa. Eu sempre mantive silêncio sobre isso, mas nunca perdi o contato com ele. Ele me recebeu e salvou minha vida espiritualmente – afirmou Diego Neria.
A vida particular do espanhol de 59 anos, que nasceu mulher e se submeteu a uma mudança de gênero em 2007, foi divulgada publicamente em 2015, depois que se soube que ele foi recebido em uma reunião privada pelo papa Francisco na Casa de Santa Marta, na Cidade do Vaticano, junto com sua companheira, Macarena.
Depois de saber da morte do papa Francisco nesta segunda-feira, aos 88 anos, Neria também reconheceu que o pontífice lhe explicou “muitas coisas” sobre a Igreja Católica.
– Eu devo a minha vida espiritual a ele, então é como se tivesse perdido, não vou dizer um pai literalmente, mas, para mim, alguém muito importante. E também muito, muito querido para mim – declarou.
Neria defendeu que o papa Francisco era um homem que precisava de apenas um minuto frente a frente para transparecer “a qualidade que ele tinha”.
– E que maneira de proteger e abraçar aqueles que precisavam e de estar ao lado das pessoas humildes, que era o que ele queria. Porque o resto do mundo, os ricos, como eu estava dizendo, os ricos não precisam tanto dele – acrescentou.
Para Neria, o papa Francisco, “com um abraço, conseguiu dissipar toda a dor” que lhe foi causada por uma instituição pela qual ele se sentiu “esmagado” e “muito maltratado” durante toda a vida.
– Uma instituição que ele comandava e que queria, sem dúvida, abrir as portas e deixar entrar ar fresco. E ele fez o que lhe foi permitido fazer – disse.
Por fim, Neria enfatizou que não tem dúvidas de que o papa Francisco “foi um revolucionário”.
*Com informações da Agência EFE
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