A cena do MC Poze saindo da prisão, erguendo os braços como um messias popular, enquanto é ovacionado por uma multidão ávida por selfies e aplausos, é mais do que um simples retrato de idolatria vulgar — é o sintoma de uma cultura que perdeu toda a hierarquia de valores. Transformaram o crime em espetáculo e o criminoso em herói popular. Essa inversão moral e cultural revela o colapso de uma sociedade que, ao aplaudir a transgressão, relega a virtude ao esquecimento.
A bandidolatria, tão evidente nessa imagem, não é apenas uma falha de caráter individual: é a expressão de um povo que renunciou à civilização em troca do mito de um “justiceiro” que fala sua linguagem e incorpora seu ressentimento. É a vitória do instinto bruto sobre a razão, do narcisismo coletivo sobre a responsabilidade.
Essa aclamação ao crime mostra que não estamos apenas lidando com um problema de segurança pública ou de justiça — estamos diante de um problema de imaginário. Quando a cultura transforma o bandido em ícone e legitima a violência como forma de afirmação social, o resultado inevitável é a normalização da barbárie.
A imagem do MC Poze, saudado como um herói no meio do povo, revela um Brasil que prefere a ilusão do bandido-glorificado ao esforço civilizatório de erguer cidadãos dignos. Esse aplauso à criminalidade, mascarado de “resistência” ou “cultura de periferia”, não liberta ninguém — apenas confirma o triunfo do primitivismo e o declínio de qualquer projeto de civilização.
Mário Frias