sábado, julho 19, 2025
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Turquia prende cartunistas acusados de desenhar charge de Maomé e Moisés

Policiais da Turquia detiveram pelo menos quatro cartunistas na segunda-feira (30), acusados ​​de desenhar e distribuir uma charge que, segundo autoridades e manifestantes, representa o profeta Maomé e Moisés.

A charge, publicada em uma revista de sátira política, mostra o que parece ser um muçulmano e um judeu, ambos com asas e auréolas, apertando as mãos e se cumprimentando enquanto bombas caem abaixo.

A charge viralizou nas redes sociais quatro dias após sua publicação. Centenas de pessoas foram à principal rua turística de Istambul, gritando “Alá é Grande” e pedindo a aplicação da lei sharia em protesto.

As autoridades turcas rapidamente condenaram a revista.

LeMan, a revista semanal de sátira política conhecida por quadrinhos irreverentes semelhantes ao Charlie Hebdo francês, divulgou um comunicado afirmando que sua charge não retratava o profeta islâmico.

“Esta charge não é uma caricatura do Profeta Maomé (que a paz esteja com ele). Na obra, o nome Maomé é ficcionalizado como pertencente a um muçulmano morto nos bombardeios israelenses. Existem mais de 200 milhões de pessoas chamadas Maomé no mundo islâmico. A obra não se refere ao Profeta Maomé de forma alguma”, afirmou a revista.

“Ao destacar um muçulmano assassinado, o objetivo era destacar a retidão do povo muçulmano oprimido, sem qualquer intenção de menosprezar os valores religiosos. Rejeitamos o estigma imposto a nós, pois não há representação do nosso Profeta”, declarou a LeMan.

“Interpretar a charge dessa forma exige extrema malícia”, acrescentou a revista, mas também pediu desculpas a todos os leitores que possam ter se sentido ofendidos.

Enquanto os manifestantes tomavam as ruas, o Ministério do Interior divulgou vídeos de cartunistas sendo detidos em suas casas, descalços e algemados pela polícia, com legendas como “Vocês não escaparão de nossas forças de segurança ou da justiça”.

Manifestantes foram vistos chutando as portas da redação da revista no centro de Istambul.

Em um dos vídeos, um manifestante grita: “Pelo nosso Profeta, daríamos nossas vidas e tiraríamos vidas; ninguém pode insultar nosso Profeta”.

A multidão também realizou uma oração noturna. Em poucas horas, o governador de Istambul, Davut Gul, anunciou que as quatro pessoas procuradas pela charge estavam sob custódia policial.

Gul não informou se algum manifestante foi detido, mas afirmou em um comunicado: “Foi determinado que alguns indivíduos misturados aos manifestantes se envolveram em ações provocativas. É de grande importância que os grupos de manifestantes se dispersem para evitar danos aos nossos cidadãos e manter a ordem pública.”

Alguns grupos convocaram novos protestos contra a revista na terça-feira.

Esta notícia foi corrigida para deixar claro que os chargistas foram detidos e não foram oficialmente presos.

Fonte: CNN Brasil

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