A Tesla relatou outra queda recorde nas vendas na quarta-feira (2), já que os danos à marca causados pelas atividades políticas do CEO Elon Musk e o aumento da concorrência continuaram a prejudicar a fabricante de carros elétricos, que antes era de rápido crescimento.
A Tesla informou que vendeu 384.122 carros no segundo trimestre, uma queda de quase 60.000 unidades, ou 13,5%, em relação ao total de vendas do ano anterior. Isso marca a maior queda anual nas vendas da história da empresa.
No entanto, o número representa um aumento de 14,1% em relação ao total dos primeiros três meses de 2025.
Apesar da queda nas vendas, as ações da Tesla abriram com alta de quase 4% no pregão de quarta, após o relatório. Isso porque superaram as previsões de alguns analistas de uma queda muito maior.
As atividades políticas de Musk, especialmente seu papel no governo Trump, provocaram protestos generalizados em showrooms da Tesla nos Estados Unidos e na Europa, além de alguns casos de vandalismo contra seus veículos e instalações.
A empresa não detalha suas vendas por região, mas os dados de registro sugerem que as vendas nos EUA e na Europa caíram acentuadamente. Isso ocorreu apesar do aumento geral nas vendas de veículos elétricos em ambos os mercados.
A empresa também enfrenta uma concorrência cada vez maior, não apenas de montadoras ocidentais tradicionais, mas também de montadoras chinesas. Estas últimas prejudicaram as vendas da Tesla na China, o maior mercado para vendas de veículos elétricos e automóveis e o segundo maior mercado da Tesla.
Notavelmente, a Tesla está prestes a perder o título de maior fabricante mundial de veículos elétricos, com base em vendas anuais, para a montadora chinesa BYD, embora a fabricante ainda não tenha entrado no mercado norte-americano.
Na quarta-feira, a BYD informou ter vendido 1 milhão de veículos elétricos no primeiro semestre deste ano, ficando muito à frente do total de vendas da Tesla no acumulado do ano, de cerca de 721.000.
Durante a maior parte de sua história, a Tesla apresentou fortes ganhos nas vendas anuais, o que ajudou a impulsionar suas ações. Isso fez da Tesla a montadora mais valiosa do mundo, apesar de deter uma fração das vendas totais das montadoras tradicionais.
Mas o relatório de quarta-feira marca o segundo trimestre consecutivo de queda para a empresa, com as vendas caindo pelo menos 13%. Isso segue seu primeiro declínio anual no ano passado. Antes de 2024, a empresa havia registrado apenas uma queda trimestral – em 2020, quando a pandemia fechou fábricas e interrompeu as vendas.
As ações da Tesla sofreram grandes oscilações no último semestre. Elas quase dobraram de valor desde o dia da eleição, atingindo níveis recordes em meados de dezembro, devido à expectativa dos investidores de que a empresa se beneficiaria dos laços de Musk com o presidente Donald Trump. Mas logo perderam todos esses ganhos e mais, caindo mais de 50% em meados de abril.
Desde então, as ações começaram a se recuperar. Primeiro, as ações subiram depois que Musk anunciou, em abril, que deixaria o governo Trump para se concentrar na Tesla, e depois com a notícia do lançamento, há muito prometido, de um serviço de robotáxi. Isso ajudou a elevar as ações da Tesla em 35%, desde a mínima de abril até o fechamento de terça-feira.
Traduzido por João Nakamura, da CNN, em São Paulo
Fonte: CNN Brasil