O governo Lula adotou uma nova estratégia de comunicação após sofrer uma derrota significativa no Congresso Nacional. A rejeição do aumento do IOF, uma medida crucial para cumprir as metas fiscais do próximo ano, levou o presidente e sua equipe a intensificarem o discurso de “nós contra eles”.
Segundo Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group, o governo passou a argumentar que a derrota foi resultado de um desejo do Congresso de evitar a justiça social, alegando que o objetivo era taxar os mais ricos para beneficiar as camadas mais pobres da população.
Essa abordagem, embora arriscada no curto prazo por tensionar ainda mais o ambiente no Congresso, pode se mostrar proveitosa junto à opinião pública. Garman destaca que existe um descontentamento generalizado do eleitor mediano contra os ricos, poderosos e o sistema como um todo, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina.
Uma pesquisa recente da Ipsos Mori revelou que 76% dos brasileiros concordam com a afirmação de que “a economia está manipulada para favorecer os ricos e os poderosos”. Esse cenário oferece um terreno fértil para a narrativa adotada por Lula, que busca justificar sua agenda de aumento de impostos como uma forma de promover equidade social.
Apesar das dificuldades imediatas nas negociações com o Congresso, Garman sugere que essa estratégia pode trazer benefícios a médio e longo prazo. O discurso tem o potencial de melhorar a percepção do governo nas pesquisas de opinião, o que poderia fortalecer sua posição em futuras negociações com o legislativo.
Além disso, o analista avalia que essa abordagem está preparando o terreno para as eleições de 2026. Ao se posicionar como defensor dos interesses populares contra as elites, Lula busca consolidar uma base de apoio que transcenda as dificuldades políticas atuais e se projete para o próximo ciclo eleitoral.
Fonte: CNN Brasil