sábado, julho 19, 2025
HomeEconomiaVendas do Cybertruck da Tesla ficam abaixo das expectativas

Vendas do Cybertruck da Tesla ficam abaixo das expectativas

Se você tem olhos, talvez não seja uma surpresa, mas o Cybertruck é, oficialmente, um fracasso.

A Tesla é deliberadamente opaca sobre seus números de vendas de modelos específicos, então é preciso um olhar atento para ter uma noção de quão mal está se saindo na vida real.

 

Eis o que sabemos: com base nas entregas da Tesla (um indicador para vendas) divulgadas esta semana, a fabricante de veículos elétricos entregou cerca de 384.000 veículos no total, mundialmente, entre abril e junho deste ano — uma queda recorde de 13,5% em relação ao ano anterior.

A Tesla não discrimina as vendas do Cybertruck, um de seus modelos “premium” que saiu diretamente do cérebro viciado em internet do CEO Elon Musk.

Ela divulga apenas duas categorias — o Model 3 e Y em uma categoria e, na segunda, “outros modelos”, que é quase inteiramente composta pelo Model S sedan tradicional da empresa, o SUV Model X e o Cybertruck.

A empresa informou que entregou cerca de 10.400 modelos “outros” no segundo trimestre, o que por si só já é um grande problema. No mesmo trimestre do ano passado, a Tesla vendeu mais de 21.500 “outros” modelos. É difícil pensar em outra palavra para uma queda de 52% que não seja colapso.

Quantos desses “outros” são Cybertrucks, e quantos são Model S ou X? Isso não está totalmente claro.

Mas vamos olhar para os primeiros três meses deste ano. A Tesla vendeu cerca de 12.900 “outros” modelos, dos quais 7.100 eram Cybertrucks, segundo dados de registro da S&P Global Mobility. Então, um pouco mais da metade.

Seria seguro estimar, então, que a Tesla provavelmente vendeu algo em torno de 5.000-6.000 Cybertrucks no segundo trimestre, se as tendências de consumo se mantiveram estáveis.

Pode até estar sendo marginalmente superado em vendas pelo F-150 Lightning e pelas picapes elétricas da GM, rivais cujas vendas também estão caindo, mas que não foram tão populares quanto a criação de Musk.

Mas mesmo em um mundo hipotético onde todas aquelas 10.400 entregas no segundo trimestre fossem Cybertrucks, a Tesla ainda estaria tendo um desempenho muito abaixo das expectativas estabelecidas por Musk, que disse aos investidores há dois anos que esperava que a Tesla estivesse produzindo 250.000 unidades por ano até 2025.

O que poderia estar segurando as vendas do Cybertruck, além de seu preço de US$ 80.000-US$ 100.000 e a iminente eliminação dos créditos fiscais para veículos elétricos?

Ou os recalls repetidos, incluindo um devido a um painel de aço externo que se solta enquanto a caminhonete está em movimento.

Ou a autonomia real de aproximadamente 320 quilômetros relatada pelos proprietários, em vez dos 800 quilômetros inicialmente prometidos.

Ou a falta do extensor de autonomia também inicialmente prometido, que silenciosamente desapareceu.

Ou a intratável afiliação do veículo com o aspirante a oligarca mais rico do mundo.

Ou talvez as pessoas temam gastar seis dígitos em um carro de 3.175 quilos que se tornou um símbolo do movimento MAGA (Make America Great Again) e um alvo de vandalismo.

As deficiências do Cybertruck afundarão a Tesla? Provavelmente não. Mas o tropeço se tornou um reflexo da turbulência mais ampla da empresa.

A picape elétrica enfrenta séria concorrência de marcas como Rivian, Ford e GM. Rivais chineses estão corroendo a participação de mercado da Tesla em mercados-chave no exterior, particularmente na Europa e na China.

A Tesla está prestes a perder seu título de maior fabricante mundial de veículos elétricos em vendas anuais para a montadora chinesa BYD.

Esta semana, a BYD — que não tem permissão para operar no mercado norte-americano — relatou 1 milhão de veículos elétricos vendidos no primeiro semestre deste ano, colocando-a muito à frente do total acumulado da Tesla de cerca de 721.000.

Os fiéis da Tesla em Wall Street ainda estão totalmente comprometidos com Musk, a quem veem como um visionário e, talvez mais importante, um showman que os tornou ricos.

As ações da Tesla caíram cerca de 17% este ano, mas subiram quase 300% nos últimos cinco anos. Para os bulls mais leais, pode não importar que a guinada MAGA de Musk tenha prejudicado o negócio principal da empresa de vender carros, porque ele os convenceu de que o futuro da Tesla está em uma utopia sem motorista alimentada por IA.

E é o histórico de promessas de Musk que impulsionou esse aumento meteórico no preço das ações e, consequentemente, sua riqueza pessoal.

Mas quanto mais tempo Musk está no comando, mais suas promessas e previsões parecem ficar aquém do esperado.

Fonte: CNN Brasil

RELATED ARTICLES
spot_img
Publicidade

MAIS POPULARES

Publicidade