Em declaração conjunta divulgada neste domingo (6), os líderes do Brics reiteraram a urgência de realizar uma reforma das instituições criadas a partir do Acordo de Bretton Woods — Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial —, visando torná-las mais “adequadas”, “representativas” e “imparciais”.
“Em seu 80º aniversário, reiteramos a urgente necessidade de reforma das Instituições de Bretton Woods para torná-las mais ágeis, eficazes, confiáveis, inclusivas, adequadas à sua finalidade, imparciais, responsáveis e representativas, reforçando sua legitimidade. Antes de mais nada, elas devem reformar sua estrutura de governança para refletir a transformação da economia global desde sua criação”.
Esse discurso já era trabalhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem pedido uma reeducação das instituições para estabelecer uma nova forma de financiamento para países em desenvolvimento.
Durante fala em sessão plenária do Brics, Lula disse que as organizações multilaterais não podem continuar funcionando da mesma forma que funcionavam no momento da sua criação.
“Nós falamos em inovação em muitas coisas (…) é preciso ter inovação nas instituições que foram criadas logo depois da Segunda Guerra Mundial”, afirmou.
A declaração dos líderes ainda ressalta a necessidade de aumentar a representação dos Países em Desenvolvimento e Mercados Emergentes (PDMEs) no FMI e Banco Mundial, a fim de “refletir seu crescente peso na economia global”, assim como da diversidade regional e de gênero.
Para alcançar esse objetivo, o Brics sugeriu a realização de “procedimentos de gestão aprimorados, inclusive por meio de um processo de seleção inclusivo e baseado no mérito”.
Ao FMI, os líderes do Brics defenderam o aumento de cotas proposto no âmbito da 16ª Revisão Geral de Cotas (RGC) e incentivaram os membros do Fundo que ainda não realizam o consentimento a fazê-lo “sem mais demora”.
A declaração afirma que estão prontos para “interagir construtivamente” com os membros para garantir o realinhamento significativo de cotas e que as reformas de governança sejam incluídas na 17ª Revisão Geral das Cotas, reforçando que o realinhamento não deve ser feito às custas dos países em desenvolvimento.
“Reiteramos que o realinhamento de cotas no FMI não deve ocorrer às custas dos países em desenvolvimento, mas refletir as posições relativas dos países na economia global e aumentar as cotas dos PDEMs”.
O bloco tem defendido uma revisão urgente da estrutura do Fundo, com nova fórmula de cálculo baseada, entre outros critérios, no PIB (Produto Interno Bruto) ajustado por paridade de poder de compra (PPP).
Em documento divulgado no sábado (5), batizado de “Visão do Rio de Janeiro para Reforma de Cotas e Governança do FMI”, os países do Brics afirmaram que o sistema de cotas deve ser a principal fonte da capacidade de empréstimo do FMI e orientar, mas não limitar, o acesso dos membros aos recursos.
Fonte: CNN Brasil