sábado, julho 19, 2025
HomeInternacionalLula chega ao Museu de Arte Moderna para Cúpula do Brics

Lula chega ao Museu de Arte Moderna para Cúpula do Brics

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou, na manhã deste domingo (6), ao MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), onde acontece a 17ª Cúpula do Brics, sob a presidência brasileira do bloco. O chefe de Estado desembarcou no local ao lado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

O encontro de líderes, que se estende até esta segunda-feira (7), já conta com uma declaração final. Os países do Brics conseguiram superar o impasse provocado pelo Irã e alcançaram consenso sobre condenação a ataques militares, reforma da ONU (Organização das Nações Unidas) e protecionismo comercial, apurou a CNN.

As autoridades internacionais vão manifestar “sérias preocupações” com a escalada protecionista e medidas unilaterais de comércio, em uma referência à guerra tarifária deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Manifestamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)”, diz um trecho da declaração, obtido pela CNN.

Embora não haja menção direta aos Estados Unidos, pessoas envolvidas nas negociações do comunicado afirmam que Trump foi o alvo.

Além disso, há referências ao protecionismo “sob o pretexto de motivos ambientais”, o que remete a medidas tomadas no passado pela União Europeia contra produtos do agronegócio brasileiro.

A Lei Antidesmatamento da UE, que deve entrar em vigência no início de 2026, afeta uma lista de produtos que vão da carne e da soja produzidas no Brasil ao óleo de palma fabricado na Indonésia (recém-incorporada ao Brics).

“A proliferação de medidas restritivas ao comércio, seja na forma de aumento indiscriminado de tarifas e medidas não tarifárias, seja de protecionismo sob o pretexto de objetivos ambientais, ameaça reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais”, diz outro trecho da declaração.

A agenda com foco na integração econômica entre os membros do Brics foi destaque no sábado (5), em reuniões que antecedem a Cúpula de líderes.

Ao discursar na abertura do Fórum Empresarial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o “vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades”.

“O vínculo entre paz e desenvolvimento é evidente. Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado. O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo. É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades”, disse Lula.

“Estou certo de que este fórum e a Cúpula do Brics, que se inicia amanhã, aportarão soluções. Ao invés de barreiras, promovemos integração. Contra a indiferença, construímos solidariedade”, acrescentou o presidente.

A Cúpula do Brics ocorre sem a presença de duas das principais lideranças do bloco: o presidente da Rússia, Vladmir Putin, e o líder chinês Xi Jinping.

Putin não comparece presencialmente por conta do mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em 2023, pouco mais de um ano após a Rússia iniciar a guerra em larga escala contra a Ucrânia, acusando o líder de crime de guerra de deportar centenas de crianças da Ucrânia.

Ele deve, porém, participar por videoconferência.

Já Xi Jinping será representado pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang. O líder asiático não divulgou as razões de ter desistido de vir ao Brasil.

Esta será a primeira vez que Xi perde uma Cúpula do Brics. Durante a pandemia, ele participou dos encontros virtualmente. Em 2023, na África do Sul, deixou o país momentos antes do discurso previsto — mas chegou a se reunir com os demais líderes.

O Brics é um mecanismo de cooperação internacional, pelo qual países aliados buscam coordenar interesses comuns, ou seja, é um centro de discussões entre seus membros.

Fundado como um agrupamento de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para combater o domínio ocidental da ordem mundial, o grupo cresceu nos últimos anos para incluir economias emergentes como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã. Esta será a segunda Cúpula com novos membros.

Na presidência do bloco, o Brasil colocou como prioridades a discussão climática, os conflitos internacionais e o fortalecimento financeiro do Sul Global.

Outro objetivo é divulgar uma agenda de liderança climática, compartilhando soluções para “aumentar os esforços” de não se ultrapassar o limite crítico de 1,5°C acima do registrado nos níveis pré-industriais.

Já o viés econômico do bloco deve explorar o estabelecimento de uma “Rede de Segurança Financeira Global” e a reformulação do FMI (Fundo Monetário Internacional), incluindo que o órgão global seja baseado em “cotas”.

Em nota, a presidência brasileira do Brics sinaliza “medidas de facilitação de comércio” entre os membros, como cooperação regulatória.

Por fim, outros dois pontos foram colocados como prioridades para a chefia brasileira este ano: a discussão sobre segurança internacional e a formação de uma “força-tarefa” sobre desenvolvimento institucional, com o objetivo de atualizar os termos de referência do bloco, conhecidos como TDRs.

O governo federal intensificou a segurança no Rio de Janeiro para realização da Cúpula.

A FAB (Força Aérea Brasileira) vai usar caças F-5M armados com mísseis para monitorar o espaço aéreo durante o evento.

Segundo a FAB, as medidas seguem o mesmo protocolo adotado na Cúpula do G20, em 2024. Todas as aeronaves mobilizadas para a operação estarão equipadas com armamento real como parte do esquema de segurança aérea previsto para grandes eventos internacionais.

Na terça-feira (1), a PF (Polícia Federal) realizou uma varredura na Marina da Glória, no Rio.

O objetivo foi identificar e eliminar eventuais ameaças que possam comprometer a segurança dos participantes. A ação mobilizou equipes especializadas em artefatos explosivos, além de equipamentos de detecção e cães farejadores treinados para localizar materiais suspeitos.

(Publicado por Lucas Schroeder, com informações de Daniel Rittner, Gabriela Boechat e Jussara Soares)

Fonte: CNN Brasil

RELATED ARTICLES
spot_img
Publicidade

MAIS POPULARES

Publicidade