“Nós lutamos por liberdade!”SARA WINTER

Em coletiva um dia após deixar a cadeia, Sara Winter rejeita o título de extremista e denuncia perseguição aos conservadores

Um dia após ser solta da cadeia com tornozeleira eletrônica, a ativista e líder do grupo 300 do Brasil, Sara Winter, concedeu uma coletiva de imprensa em sua casa, na Vila Planalto, em Brasília. A ativista declarou estar com sintomas de estresse pós-traumático e permanece sem seu celular e computador.

Sara foi presa no último dia 15 de junho pela Polícia Federal e passou 10 dias no Presídio Feminino do Distrito Federal por ordens do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Ela é acusada de cometer crimes de injúrias e ameaças contra o magistrado.

Na entrevista desta sexta, Sara rechaçou a narrativa de os 300 do Brasil ser um grupo de “extrema-direita” e descreveu os princípios que regem a iniciativa.

“Os princípios dos 300 do Brasil são a recuperação da soberania nacional, plena tripartição de poderes, respeito ao pacto federativo, extermínio da corrupção e criminalização do comunismo. Não tem nada mais democrático do que a nossa carta de princípios”, declarou a ativista.

Ainda sobre a forma como ela e o seu grupo são tratados pela imprensa, sendo considerados “extremistas”, a ativista afirmou que essa maneira de ser retratada não condiz com a sua realidade e que esse tipo de atitude tem o objetivo de reduzir o apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

“Essa é uma narrativa construída pela imprensa para desmobilizar o apoio a Bolsonaro através de uma guerra de linguagem, ressignificando termos para serem utilizados para manutenção do poder de pessoas que não são democráticas”, explicou.

Acusada de ser favorável à uma intervenção militar, a ativista negou ser intervencionista e explicou que nunca participou de qualquer ato a favor de uma eventual intervenção. 

“Nunca estive em qualquer manifestação em qualquer Quartel General. Não somos intervencionistas e somos contra intervenção militar. Pra ser parte dos 300, a pessoa tem que aceitar termos pra entrar na militância. Não acreditamos em intervenção militar”, afirmou.

Sara também criticou os generais das Forças Armadas. Segundo ela, não há conveniência para eles numa intervenção militar.

“O generalato está no poder por permissão do FHC, Lula e Dilma pra chegarem na posição em que se encontra. Não é conveniente para eles acatarem uma intervenção militar, pois eles chegaram ao poder através de comunistas”, ponderou.

Suspeição do ministro

Durante a coletiva, o advogado de Sara, Paul Karsten Farias, explicou a razão de ter pedido a suspeição do ministro Alexandre de Moraes, magistrado responsável por determinar a prisão da ativista.

A defesa de Sara protocolou no último dia 24 (quarta-feira) ao presidente do STF, Dias Toffoli, uma solicitação para declarar a suspeição de Alexandre de Moraes no caso. O advogado argumentou que o ministro tinha interesse pessoal na detenção de Sara.

“O ministro que determinou a prisão de Sara é incompetente, porque Sara não tem foro pra ser julgada pelo STF e esse é o motivo principal do HC solicitado a Toffoli e a suspeição ao ministro relator”, explicou Farias.

Sara declarou que não sabe as razões para ser presa, confirmou que permanecerá em Brasília e manifestou vontade de retomar as manifestações contra o STF e a favor do Governo Bolsonaro.

“Não sei os crimes que fui acusada, passei aniversário na cadeia e longe do meu filho e família e até hoje não sei porque fui presa. Mas, permanecerei em Brasília. E o mais bonito da militância de direita é que ninguém é pago pra agir. Tenho vontade de voltar às ruas e sempre em atos não-violentos”, disse.

Na coletiva, Sara também rechaçou a prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio, detido nesta sexta por ordens do ministro Alexandre de Moraes, que atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República. 

“Logo que vim pra BSB, morei com o Oswaldo. Coloco minha mão no fogo pela honestidade que tem e foi preso arbitrariamente, sendo o 8º preso político. Ele foi preso porque diariamente dá furos de reportagem e é o melhor jornalista investigativo que temos atualmente, que inclusive tem a capacidade de estragar planos sombrios para destituir e golpear o presidente”, afirmou.

A ativista concluiu a coletiva afirmando que o intuito das recentes operações da Polícia Federal contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tem o objetivo de reduzir o apoio que o Chefe do Executivo possui.

“Estão buscando o desmantelamento da militância virtual e física, com o intuito de desmantelar o apoio que o Bolsonaro tem nas ruas e na internet”, disse.


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