RJ: Polícia não fará buscas após chacina em festa junina porque Fachin proibiu operações durante pandemia

A Polícia Civil não fará operações para prender os responsáveis pela chacina que matou cinco pessoas, entre elas, a menina Rayanne Lopes, de 10 anos.

De acordo com nota da polícia, as operações não serão feitas por conta da decisão liminar do ministro Edson Fachin, do STF, proibindo operações em favelas.

“Qualquer ação policial na localidade para a prisão dos responsáveis por mais esse crime bárbaro, necessitará de forte aparato operacional, com emprego de blindados e helicópteros para resguardar a integridade física dos policiais responsáveis pelas investigação, o que não poderá ser realizado no momento, diante de decisões judiciais que restringem as operações policiais e o sobrevoo da nossa aeronave em comunidades num raio de dois quilômetros de distância de escolas e creches, ainda que fechadas, e hospitais”, diz a nota da Polícia Civil.

Ainda segundo a Polícia Civil, “as lideranças narcoterroristas que participaram desse covarde ataque estão sendo identificadas e serão responsabilizadas criminalmente”. As informações são do site Extra.

Ainda de acordo com o portal, traficantes do Complexo do Chapadão, na Pavuna, Zona Norte do Rio anunciaram, em diversas postagens nas redes sociais, que iriam invadir a favela Az de Ouro, em Anchieta, onde uma chacina deixou cinco pessoas mortas na madrugada do último domingo.

As ameaças foram todas postadas nos últimos dois meses por integrantes da maior facção do Rio. As quadrilhas rivais que dominam as favelas disputam o controle da região desde 2017. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios (DH) para as mortes é a guerra entre as facções.

“Vamos voltar para casa”, diz uma das postagens, feita em 1º de maio, que já foi identificada pela polícia. “Az de Ouro e Tatão é questão de honra”, diz outro texto, postado no último dia 23, que também cita o Tatão, favela vizinha ao Az de Ouro, em Anchieta. A polícia trabalha com a hipótese de que o alvo do ataque era um traficante que estaria na festa.

Um áudio gravado por um morador da região — que também já está com os investigadores — também denuncia a guerra entre as quadrilhas: “O negócio ficou feio. Tive que voltar de marcha à ré. Ali era uma tragedia anunciada. Esses malucos ficam mandando recadinho para os moleques do outro lado, falando que vão invadir, matar, fazer e acontecer”.

Segundo testemunhas contaram à polícia, quatro homens portando fuzis saltaram atirando de um carro preto em direção a frequentadores de uma festa junina que acontecia no condomínio Jamaica, na Rua Ernesto Vieira, um dos acessos da Az de Ouro. Os criminosos teriam saído do Chapadão em direção ao local a bordo de um Fiat Siena.

Pai e filha foram baleados durante a chacina. Rayanne Lopes, de 10 anos, chegou a dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu aos ferimentos. Já seu pai foi transferido para o Hospital municipal Souza Aguiar, foi operado e está em estado estável.

Fachin suspendeu operações

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, votou por manter a decisão que suspende operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid-19, com exceção de “casos excepcionais”.

O ministro, que é relator da ação no STF, concedeu uma liminar no dia 5 de junho decidindo a paralisação das ações policiais. Assim, as operações poderiam acontecer somente em ‘hipóteses absolutamente excepcionais, que devem ser devidamente justificadas por escrito pela autoridade competente’.

As Polícias Civil e Militar alegam que a decisão causa insegurança na parte jurídica, já que não foram citadas quais situações são consideradas excepcionais.

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