O que explica o colapso na saúde do Amazonas? Corrupção, má gestão dos recursos públicos e negação do tratamento precoce: entenda o aumento de casos de Covid-19

Sem oxigênio para UTIs, governador do AM pede ajuda: 'situação dramática' -  10/01/2021 - UOL Notícias

Corrupção, má gestão dos recursos públicos e negação do tratamento precoce: entenda o aumento de casos de Covid-19 

Quase um ano após o início da pandemia de coronavírus, quando o país já começa a ensaiar um retorno à vida normal — comércios e escolas reabrindo, reaquecimento do turismo e hospitais de campanha sendo fechados em várias cidades —, o Amazonas, sobretudo sua capital Manaus, registra um aumento exponencial de casos graves, internações e mortes causados pela Covid-19. 

Em uma semana, a média móvel de casos da doença aumentou 85,3% no Estado, que tem batido recorde de casos e de internações desde o início do mês. Há registros de pessoas morrendo por falta de oxigênio nos hospitais. Numa operação emergencial, o governo federal enviou 50 toneladas de insumos ao Amazonas e disponibilizou aeronaves e ambulâncias para transportar pacientes a outros Estados. 

Apesar de ter pegado todos de surpresa, o colapso no sistema de saúde do Amazonas já era anunciado. O BSM explica, abaixo, os  motivos que levaram ao agravamento da situação no Estado.
 

Muito além do governo federal

A oposição gritou e a imprensa amplificou: a culpa das internações e mortes só pode ser do presidente Jair Bolsonaro. Os motivos atribuídos a ele, no entanto, são vagos: vão do “negacionismo” à suposta demora das vacinas, passando pelo “incentivo às aglomerações”. 

O presidente, no entanto, tem reafirmado que fez tudo o que estava ao alcance do governo federal para ajudar o Estado. “A gente está sempre fazendo o que tem que fazer, né? Problema em Manaus, terrível o problema lá. Agora, nós fizemos a nossa parte, com recursos, meios”, disse nesta sexta-feira (15).

Em publicação nas suas redes sociais, Bolsonaro expôs dados do Portal da Transparência que mostram que R$ 8,91 bilhões foram transferidos para o Amazonas e R$ 2,36 bilhões só para a capital Manaus, ao longo da pandemia. Isso sem contar os insumos transportados com urgência nesta quinta-feira.


Vacinas

O fato é que as vacinas teriam ajudado muito pouco, quase nada, na situação do Amazonas. Isso porque, não bastasse as farmacêuticas só terem entrado com o pedido para uso emergencial na semana passada, há uma demora natural no processo que vai da liberação à compra, distribuição e início da campanha de vacinação.

Mesmo que tudo tivesse iniciado em dezembro, ou mesmo antes, o número de pessoas supostamente imunizadas não seria suficiente para aplacar a crise já anunciada no Estado. Isso sem dizer que não há, até o momento, a certeza de que as vacinas realmente vão ser eficazes.

Autonomia dos Estados e municípios 

Em abril do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os prefeitos e governadores tinham autonomia para estabelecer medidas para combater a transmissão do vírus.

Foi com base nisso que lockdowns, fechamentos de escolas e comércios, toques de recolher, obrigação de uso de máscaras e mais uma série de ações foram decretadas em todo o país.  

O governo federal não poderia, portanto, interferir nas medidas adotadas pelos Estados e municípios. As restrições, no entanto, têm se mostrado ineficazes.

Corrupção

A crise na saúde no Amazonas é anterior à pandemia. Isso porque o Estado é historicamente marcado por desvios de dinheiro público, causando o sucateamento dos hospitais e a fuga de médicos para outras localidades do país.

A Operação Maus Caminhos, do Ministério Público Federal (MPF), investiga desde 2016 roubo de mais de R$ 100 milhões de recursos públicos, envolvendo empresários e ex-secretários de Saúde.

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