Varíola dos macacos: o que se sabe sobre a doença

O mundo ainda não recuperou por completo da pandemia de covid-19 e outras doenças já estão ganhando a atenção das autoridades de saúde. É o caso da varíola dos macacos, uma doença viral geralmente leve que ocorre principalmente na África Ocidental e Central, regiões onde o vírus é considerado endêmico em 11 países.

A doença não é nova e evoca lembranças dos tempos da varíola humana, uma das doenças mais mortais que já existiu. Conhecida como a primeira moléstia erradicada da história, a extinção da varíola aconteceu oficialmente em 1980, depois de uma campanha de vacinação em massa, orientada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo, foram registradas mais de 300 milhões de mortes no século passado em razão da doença, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

varíola dos macacos
Bolhas subcutâneas causadas pela varíola dos macacos | Foto: Reprodução/OMS

Felizmente, as infecções causadas pelo Orthopoxvirus variolae (monkeypox), o agente causador da varíola do macaco, são mais brandas do que a humana. Classificada como uma zoonose viral, ou seja, quando a doença passa de animais para humanos, a varíola do macaco ficou conhecida após a sua descoberta, em 1958, em colônias de macacos mantidos para pesquisa num laboratório na Dinamarca.  Já o primeiro caso em ser humano foi registrado pela primeira vez, em 1970, na República Democrática do Congo.

A doença, que estava mais restrita às regiões da África, acendeu a preocupação de especialistas ao aparecer na Europa e outros países — até agora, o surto já resultou em mais de 220 casos fora do continente de maior incidência. 

Ao menos 21 países confirmaram casos da doença até o momento, sendo eles: Reino Unido, Espanha, Portugal, Itália, Holanda, Suíça, Suécia, Áustria, França, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Eslovênia, Finlândia, República Tcheca, Austrália, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Israel e Emirados Árabes. O Brasil, até o momento, não registra casos suspeitos da varíola do macaco.

Ainda não é possível explicar com certeza porque a Europa está enfrentando um surto da doença. “O que sabemos é que sempre houve um link epidemiológico com a África”, afirmou Giliane Trindade, professora e pesquisadora do Departamento de Microbiologia do ICB-UFMG. Vários casos no Reino Unido, por exemplo, não têm aparente conexão entre si, levantando a hipótese de que a infecção foi contraída por transmissão comunitária. Mas especialistas ouvidos por Oeste alertaram que as chances de uma transmissão descontrolada são baixas e que o mundo não está diante de uma nova covid-19 nem de novos lockdowns para conter a propagação da doença. 

Diferenças entre varíola humana e do macaco

Embora ambas sejam clinicamente muito parecidas, com uma infecção cutânea distribuída no corpo do paciente, o que as diferencia, no entanto, é a gravidade, a letalidade e o padrão de transmissão. As duas doenças são causadas por vírus que pertencem à mesma família de Orthopoxvirus.

Enquanto a varíola humana era uma doença que matava até 30% das pessoas infectadas, a taxa de mortalidade causada pelo vírus monkeypox é estimada entre 2% a 10%, a depender do tipo de agente.

Existem dois principais subtipos do monkeypox:

• O que acomete a África Central, com destaque para o Congo, tem uma letalidade de 10% – um índice elevado
• O mais comum no oeste africano, causador do surto atual, que possua uma letalidade de 2 a 3%, semelhante à covid-19.

“A varíola humana era mais facilmente transmissível porque era adaptada à espécie humana, enquanto o monkeypox é um vírus de roedores e de pequenos mamíferos. Tanto os macacos quanto nós somos hospedeiros acidentais. Portanto, ele transmite com uma menor taxa de eficiência”, explica a pesquisadora Giliane Trindade.

Sintomas

Os principais sintomas da varíola do macaco incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados (pequenos órgãos do sistema linfático), calafrios e exaustão.

Além disso, o paciente pode apresentar lesões na pele e coceira dolorida entre 7 a 14 dias após o contato com o vírus. Geralmente, o sintoma começa no rosto e se espalha pelo corpo, causando pequenas lesões que podem formar crostas. Lesões com pus ao redor da boca, olhos e/ou região genital também foram notificadas. 

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