O Ministério das Mulheres se manifestou neste sábado (29/4) sobre vídeo que viralizou nas redes sociais que mostra uma confusão no voo 1575 da Gol no aeroporto de Salvador-Ba, e diz que pedirá explicações à Gol e à Polícia Federal sobre o ocorrido com passageira.
Narrativas criadas pela turma da lacração levantam a hipótese da passageira ter sofrido um ato de racismo.
Uma mulher, por coincidência da cor negra, identificada como Samantha Vitena, não obedeceu as normas da companhia aérea e a orientação dos comissários de bordo para despachar sua mochila que pelas dimensões não coube no compartimento interno de bagagem de mão.
Os funcionários da companhia aérea pediram que ela despachasse a bagagem e ela se recusou porque o notebook estava na mochila.
Após a recusa de aceitar as orientações e criar confusão o que levou a um atraso no voo de mais de 1 hora, a passageira foi retirada da aeronave por agentes da PF a pedido do comandante que é o responsável pela segurança de todos a bordo.
O fato ocorreu na madrugada deste sábado (29), antes da decolagem em Salvador, com destino a São Paulo, a mulher pegou outro voo da Gol mais tarde e já representou advogado para o caso.
Segundo o Ministério das Mulheres, o episódio demonstra o racismo estrutural contra as mulheres negras no Brasil.
“Ela foi retirada da aeronave por três homens da Polícia Federal cerca de uma hora depois de o problema da bagagem ter sido resolvido, conforme seu relato e o de testemunhas. A cena é uma afronta a Samantha e a todas as mulheres negras. Pediremos providências à companhia aérea e à PF, que devem desculpas e explicações após a abordagem”, afirmou a pasta nas redes sociais.
O episódio contra Samantha Vitena em um voo de Salvador na madrugada deste sábado demonstra o racismo e a misoginia que atingem de forma estrutural as mulheres negras em nosso país.”
Ministério das Mulheres (@mindasmulheres) April 29, 2023
Envolvimento da Fiocruz
A Fiocruz, instituição em que Samantha cursa mestrado em Bioética, afirma que sua aluna foi vítima de racismo e violência contra a mulher pela companhia e pela PF.
“A violência racista que acomete tantas pessoas no Brasil expulsou Samantha de um voo de retorno para sua casa e a submeteu a interrogatório durante a noite, na delegacia. Nem Samantha, nem nenhuma mulher negra deve passar por momentos como esse”
Nota da Fiocruz
Nota da Polícia Federal
A Polícia Federal disse que foi acionada pela Gol para efetuar o desembarque de passageira que não teria acatado ordens referentes à segurança de acomodação de bagagens. A passageira, informou, foi ouvida e liberada. “As circunstâncias do fato estão sendo apuradas.”
“Ressalta-se que, de acordo com a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, o comandante exerce autoridade desde o momento em que se apresenta para o voo até o momento em que entrega a aeronave, tendo autonomia para solicitar apoio da Polícia Federal”, afirmou.
Nota da Gol
Em nota, a Gol disse que “havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente”.
“Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”, prossegue.
A empresa diz ainda que, por medidas de segurança, a acomodação das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. “A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a Gol.”
fonte: Metrópoles/Folhapress