Amigos e filhas de Silvio Santos contam como é o homem por trás do comunicador

Ícone da televisão brasileira, o apresentador Silvio Santos completou 60 anos na TV brasileira, Dono de uma voz inesquecível (provavelmente a mais imitada do país), o “patrão” voltou a gravar seus programas no SBT na terça-feira (10), após uma pausa de alguns dias imposta por uma gripe forte que o deixou rouco. A morte de Gugu Liberato (considerado o filho homem que ele não teve) também pode tê-lo abalado.

Entrevistar o homem do baú é tarefa quase impossível. Por ser reservado, pouco se sabe sobre sua vida, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, ou como ele é longe dos palcos. Mas duas de suas seis filhas, funcionários e admiradores toparam contar mais sobre o homem por trás das câmeras. 

“Às vezes eu estou com ele e penso: ‘meu pai é o Silvio Santos, mas ele não se acha o Silvio Santos. Nem sei se ele sabe quão grande ele é”, afirma Daniela Beyruti, a filha número 3.

​Em homenagem ao pai, Silvia Abravanel, a filha número 2, também declara seu amor. “Que coisa boa, Que bom passar com esse pai, um presente na minha vida. Que ele continue sendo meu mestre, meu melhor amigo, meu pai, e que a gente possa passar ainda muitos anos juntos.”

A irmã Daniela completa ao dizer que seu pai é um “touro guerreiro”. “No nascimento do André, meu sobrinho, ele tinha gravado o dia inteiro e ficou na maternidade até meia-noite para ter certeza de que todos estavam bem. Todos cansados e ele firme, de pé, disposto. Ele não sabe o exemplo que ele dá.”

Muitos de seus funcionários também citam Silvio como um exemplo. No SBT desde 1991, o roteirista e coordenador da redação do Domingo Legal, Paulo de Carvalho, o Paulão, conta seu nervosismo quando viu o famoso chefe pela primeira vez. “Foi em 1994, eu lhe entregava as fichas [do programa]. Basta um encontro para ele gravar seu nome. É impossível trabalhar na produção dele sem que ele te conheça. Ele sabe o nome de todo mundo.” 

Paulão conta que certa vez apareceu com o cabelo descolorido. “Silvio me encarou e não disse nada. Foi em direção ao palco, parou, voltou-se e disparou: ‘olha rapaz, você ficou muito bem com este corte’, e seguiu para as luzes, deixando os contrarregras boquiabertos”, conta o redator, que aguentou as gargalhadas dos colegas. “Aí ele voltou e disse: ‘Paulo, você ficou mais jovem, afinou seu rosto. Pode manter que ficou ótimo’”, diz Paulão.

Caracterizado de terno, gravata e um microfone no peito (item já aposentado do figurino), Silvio exibe na televisão seu sorriso largo, sua risada hilária e seu cabelo penteado para trás há quase 60 anos. É conhecido por bordões como “quem quer dinheiro”, “vem pra cá, vem pra cá”, “má ôôôeee”.

Um homem acessível

O patrão é descrito como alguém acessível a seus funcionários, que escuta opiniões a ele apresentadas. 
Foi assim nos últimos 37 anos da carreira de Luís Ricardo, famoso na emissora por atuar como o palhaço Bozo entre 1984 e 1992 e que atualmente é o único apresentador a substituí-lo no SBT. “Ele te escuta, não necessariamente acata. Ele analisa e toma a decisão que considera correta”, diz. 

O apresentador se diverte ao lembrar do dia em que trancou Silvio dentro de um guarda-roupas. “Eu apresentava o programa que vendia móveis das Lojas do Baú da Felicidade. Aí ele decidiu entrar no guarda-roupa e se deitou lá dentro. Fiquei preocupado que pudesse acontecer algo, mas no fim virou meme de tão engraçado e espontâneo que foi. Ele é assim.”   Luís Ricardo tem uma filha, Mayara, que completa hoje 21 anos, no mesmo dia de Silvio. “Brinco que são meu carma.”

O carioca do bairro da Lapa já era famoso quando deixou a Rede Globo e passou a fazer programas na TV Tupi, em 1976. Cinco anos depois, obteve licença do canal 4 de São Paulo, a TVS, que se tornaria o SBT.  
O apresentador passou, então, a ter ainda mais intimidade com o público e virou uma lenda, segundo Daniela. “Ele ama o que faz. O palco e as colegas de trabalho são vida para ele. Ele grava e volta energizado, feliz”, conta Daniela.

Silvio chegou a cobiçar outro tipo de poder e foi candidato de última hora à Presidência da República em 1989. Mas o Tribunal Superior Eleitoral barrou a candidatura. Fernando Collor venceu.  

Daniela conta que o pai não gosta de ficar pensando nos problemas. “Quando aparecem, ele enfrenta, mas não fica cultivando esse tipo de pensamento. Não é o perfil dele.”

Ela diz que seu pai não nega a idade, mas não se deixa limitar por ela. “É uma pessoa simples. Diz o que pensa. Ao contrário do que falam, não quer prejudicar ninguém. Ele é uma dessas pessoas que marcam. Nunca conheci um brasileiro que não tenha ouvido falar dele”, destaca. “Amo o amor dele pela minha mãe [Íris]. É de novela, de filme.”

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