“Por um plano nacional antialfafa”

Todos sabemos da degradação intelectual do Brasil, comparado ao que éramos nos anos 50 e mesmo nos ridículos anos 80 e 90. Sim, repito, os anos 80 e 90, pois a verdade é que perto de Sérgio Mallandro e Luiza Ambiel somos meros anões intelectuais.

Mas notícias da nossa contínua debilitação mental me chegam por todos os lados. Uma amiga, por exemplo, me fala da família do marido, todos descendentes de um marquês do século 19 que foi chefe de governo, e governador de duas províncias — e seus descendentes não sabem quem ele foi, me diz ela, e não leem livros, são orgulhosamente ignorantes, e são, nas suas palavras, “médicos burros”.

Outro amigo visitou o Uruguai e ficou encantado com as livrarias com livros de verdade na vitrine, não autoajuda e tal, ou memórias de jogadores de basquete com doenças terminais, LIVROS DE VERDADE, e os principais clássicos lá nas prateleiras, e seções para poesia e tudo mais. Isso numa cidade pequena do Uruguai.

Outro amigo (sim, minhas fontes são só amigos, não dou valor às outras), o economista Claudio Shikida escreve na sua newsletter que o noticiário na tevê japonesa usa gráficos o tempo todo, coisa que não fazemos por imaginar (corretamente, claro) que nenhum espectador brasileiro iria entender um gráfico. “Estou contrastando”, escreve ele, “a qualidade do capital humano de duas sociedades. ‘Ah, mas a demanda é esta’ — É, você pode seguir a demanda e até comer alfafa se for o caso.”

Mas eu gostaria de um plano nacional para que não cheguemos ao ponto de comer alfafa. Então aqui vão algumas ideias para o burocrata inteligente que me lê.

— A gente fala dos problemas educacionais e culturais no Brasil, mas uma coisa que podíamos fazer seria pagar vans com um megafone em cima pra cada vez que ela passasse por alguém na rua ela gritasse “BUUUUUURRO! VOCÊ É BUUURROOO!” numa altura que desse um razoável choque na alma.

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