“Quatro filhas de Olfa” explora Estado Islâmico entre o real e o falso

“Les Filles d’Olfa”, traduzido no Brasil como “As 4 filhas de Olfa”, é um dos documentários que concorrem ao Oscar neste domingo, 10. No seu núcleo, há seis personagens — mas engana-se quem pensa que estas são Olfa e suas quatro filhas. Na verdade, não se pode ter certeza, e essa é a intenção da cineasta tunisiana Kaouther Ben Hania, ao retratar entre o real e o falso como o Estado Islâmico interveio ao separar uma família comum do país no norte da África.

Para contar a história assombrosa de como duas das filhas de Olfa, Kaouther apela para a escalação de três atrizes. Duas delas interpretam as garotas desaparecidas, enquanto uma terceira interpreta a própria matriarca da família em algumas cenas.

O segredo é revelado um pouco mais para dentro do filme— mas que nem de longe chega a ser uma surpresa: as moças rebelaram-se e deixaram a família para se unirem ao Estado Islâmico, então o principal grupo terrorista a atuar no Iraque e no Levante, área da atual Síria. A cena, que realmente aconteceu, ecoa as cenas comuns nos primeiros anos de Estado Islâmico, quando voluntários de todo o mundo passaram a seguir para a região e militar no grupo, nascido de uma dissidência da Al-Qaeda, outro grupo terrorista.

É o que se precisa saber de antemão. A partir dessa desagregação familiar que a diretora se vale de uma série de quebras de regras: em vez de explicar o que aconteceu, colocar atrizes para reencenar uma cena tão pesada, com pessoas que não são atrizes — mas que já viveram aquela cena — gera constantemente passagens emocionantes. As filhas que ficam chegam a chorar logo na primeira vez que veem as intérpretes.

Em alguns pontos, o documentário nem parece documentário.

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