No Brasil, cerca de 64,2 milhões de pessoas enfrentam algum grau de insegurança alimentar, de acordo com dados divulgados pelo IBGE através da Pnad Contínua em 2023. Isso representa 27,6% dos domicílios particulares no país.
“A pesquisa aplica critérios da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para categorizar os domicílios em segurança ou insegurança alimentar”, explicou o IBGE, destacando uma notável recuperação na situação desde a última análise feita pela POF em 2017-2018.
Apesar dos progressos, a insegurança alimentar ainda é uma realidade desafiadora no Brasil. Os dados mostram que 34,5% dos domicílios rurais ainda convivem com o problema, contra 26,7% nas áreas urbanas, refletindo desigualdades econômicas mais amplas.
André Martins, analista do IBGE, atribui a melhoria recente a fatores como a recuperação do mercado de trabalho e a expansão de programas sociais. “A recuperação que a gente vê em outros indicadores vai se refletir no acesso aos alimentos”, afirmou Martins, que também citou a deflação dos preços dos alimentos como um fator contribuinte.
Os critérios da insegurança alimentar dividem-se em leve, moderada e grave, com a forma leve sendo a mais prevalente, afetando 18,2% dos domicílios em 2023. No extremo oposto, a insegurança grave, onde a fome é uma realidade vivida, afeta 4,1% dos lares.
“O rendimento é muito associado à insegurança alimentar”, explicou Martins, notando que apenas 7,9% dos domicílios com insegurança alimentar têm responsáveis com ensino superior completo.
Este panorama social reflete a importância contínua da política e intervenção para combater a insegurança alimentar em um país que ainda vê grandes segmentos de sua população lutando para garantir alimentação adequada.