Dona de bar “anti-Bolsonaro” diz que prefere falência do que “servir facista”

Foto: Reprodução.

Giovanna Lima nunca imaginou que seria a dona do boteco, mas se viu nessa posição no ano passado, depois que seu pai, Jefferson, faleceu e deixou o Bek’s Bar, um estabelecimento em Curitiba que era seu sustento desde 1980, sem comando. Além da falta de experiência, havia uma grande discordância ideológica. Simpatizante da esquerda, ela começou a lidar com muitos clientes bolsonaristas, que zombavam de suas convicções políticas. As informações são do UOL.

Algumas semanas atrás, Giovanna, de 33 anos, decidiu tomar uma posição. “Decidi responder abertamente a todas essas pessoas que estavam questionando minha administração e minha posição”, explica.

A partir desse momento, no atendimento presencial e principalmente nas redes sociais, ela começou a expressar sua desaprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro. No Twitter, posta frases como “combater o fascismo é um dever moral” e “Bolsonaro precisa pagar pelas vidas que arruinou e pelo luto causado às famílias”.

Nos pedidos para entrega em domicílio, os clientes recebem suas refeições em sacolas de papel com a mensagem “Fora Bolsonaro”.

O ponto de virada foi um texto publicado em suas redes sociais em 25 de julho, que deixou claro sua postura.

“Há muitas pessoas que estão incomodadas com nossa posição, especialmente a política. Isso se reflete em comentários do tipo ‘perdeu um cliente’. Deixo aqui avisado que o cliente que apoia o genocídio de 500 mil brasileiros e outras milhares de atrocidades DEFINITIVAMENTE não fará falta”, escreveu.

E acrescentou: “Prefiro falir com dignidade a ir contra meus princípios. Se você apoia tanto seu presidente, assuma também suas atitudes e não volte mais aqui. Cliente fascista é um alívio”.

Sobre a possibilidade de Giovanna ser considerada intolerante, ela respondeu: “Já tolero há muito tempo ser desrespeitada no meu ambiente de trabalho. Só quero ser tratada de forma digna”, explica. “Repito que prefiro falir com dignidade do que trabalhar em um ambiente hostil. Se a pessoa se identifica com o fascismo, não há como ser gentil com ela”.

Ela não descarta, em algum momento em que a temperatura política esteja mais amena, voltar a sentar na mesma mesa com alguns opositores políticos.

“Se a pessoa não for uma fascista declarada, espero que sim. Mas acho que isso vai depender mais dos frequentadores do que de mim”, avisa.

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