Risco-País do Brasil sobe e alcança a 2ª maior alta entre membros do G20

O risco-país do Brasil, um importante indicador para medir o ambiente de investimentos, registrou a segunda maior alta entre os integrantes do G20 desde janeiro deste ano, segundo dados da Guide Investimentos ao site Poder360. O indicador subiu 33 pontos, acumulando 166 pontos no fechamento da última sexta-feira (21). Quanto mais alto o índice, pior é a percepção de risco.

A Argentina lidera o ranking de variação no grupo, com um aumento de 1.133 pontos em seu risco-país devido à grave crise econômica que enfrenta. O risco-país é medido pelo Credit Default Swap (CDS) de 5 anos, utilizado para avaliar o risco de calote em empréstimos.

Países que registraram queda no indicador desde janeiro historicamente têm um risco-país abaixo dos 3 dígitos, com exceção da Turquia, que teve uma redução de apenas 9 pontos. Não há dados compilados do CDS para a União Europeia, Rússia e Canadá.

O patamar atual do risco Brasil é o mais elevado desde novembro de 2023. A piora é atribuída principalmente à incerteza da política fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2023, o Brasil teve um bom desempenho, com o risco-país recuando 121 pontos. No entanto, parte desse resultado positivo foi perdida em 2024. Além do Brasil, os Estados Unidos (+23 pontos) e o Reino Unido (+8 pontos) também registraram aumentos no período.

Na América Latina, o desempenho do Brasil em 2024 só não foi pior que o da Argentina e da Colômbia (+47 pontos), que não integra o G20. O risco-país do Brasil atingiu seu ponto mínimo em fevereiro de 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ficando na casa dos 90 pontos.

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, atribui a piora no risco-país às incertezas sobre a política fiscal do governo Lula. A equipe econômica de Lula, liderada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, busca equilibrar as contas públicas, mas mudou metas e atrasou estimativas de superavit fiscal.

A estratégia do governo de aumentar a arrecadação com impostos, sem cortes significativos de despesas, gera dúvidas no mercado. Segundo Beyruti, o potencial de arrecadação é mais incerto do que um corte de gastos, que é uma medida mais segura e concreta.

Outro ponto de preocupação é a postura do presidente Lula em relação ao Banco Central. A autoridade monetária decidiu encerrar o ciclo de cortes na Selic, mantendo a taxa em 10,50% ao ano, decisão criticada por Lula e seus aliados. Há receio de que Lula indique nomes mais tolerantes com a inflação alta para o comando do Banco Central em 2025.

O aumento do risco-país do Brasil reflete as incertezas políticas e econômicas atuais. As recentes declarações de membros do governo e a falta de medidas efetivas para cortar gastos aumentam a desconfiança do mercado financeiro. O desempenho econômico do Brasil está sendo observado de perto, com impactos negativos já visíveis em indicadores como a desvalorização do real.

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