Mesmo sem denúncia, soldador responsável financeiro da família já tem 15 meses de prisão por participação no 08/01

Foto: Reprodução.

Em 17 de março de 2023, a família de Gilberto da Silva Ferreira, 49 anos, de Nova Santa Rita, RS, testemunhou sua prisão pela Polícia Federal, cumprindo um mandado do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde então, Gilberto está detido na Penitenciária Estadual de Canoas, RS, junto a condenados por outros crimes. Sua família não teve acesso a ele desde então. Apesar de não ter sido formalmente acusado, julgado ou condenado, ele está encarcerado como se fosse criminoso. As informações são do site Bureau.

A filha mais nova de Gilberto completará 15 anos em julho, mas não poderá contar com a presença do pai em casa. Sua esposa, Elisandra Marques, 42 anos, mantém comunicação por carta com ele. A impossibilidade de visitas se deve ao fato de Gilberto ter recebido apenas uma dose da vacina contra a Covid-19. No sistema carcerário local, é exigido que os detentos tenham recebido duas doses para permitir visitas. “Não sei o que acontece em Canoas, mas não há vacina para o meu marido. Estamos com nossa carteirinha de vacinação em dia, mas isso não é considerado pelo sistema prisional. Como ele pode ser vacinado lá dentro se as vacinas não são fornecidas?”, questiona Elisandra, visivelmente abalada. “Meu marido está preso há 15 meses sem ter passado por uma audiência, sem condenação, sem nada”, desabafa.

IDA A BRASÍLIA EM JANEIRO DE 2023

Em 6 de janeiro de 2023, Gilberto viajou de ônibus de Passo Fundo, RS, para Brasília, DF, acompanhado de outros conterrâneos, para participar de uma manifestação patriótica e de uma festividade gaúcha organizada pelo patrão do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) do Distrito Federal.

O ônibus chegou a Brasília às 15h30 do dia 8 de janeiro, um domingo, e os participantes desfrutaram do tradicional carreteiro antes de se dirigirem em grupo para a Praça dos Três Poderes. Ao chegarem ao local da manifestação por volta das 17 horas, encontraram uma grande confusão. Decidiram retornar imediatamente ao CTG, pois não haveria manifestação na segunda-feira, dia 9 de janeiro, como inicialmente planejado, e então voltaram ao Rio Grande do Sul.

Durante o trajeto de retorno, o ônibus foi parado pela Polícia Rodoviária Federal, mas após esclarecerem seus propósitos em Brasília, seguiram viagem. Amigos de Nova Santa Rita foram até Passo Fundo de carro para buscar os excursionistas.

Seu Alberi, pai de Gilberto, era seu colega de trabalho. Após a prisão do filho, ele sofreu um AVC e ficou cego, dependendo agora dos cuidados da nora para viver.

DESOLAÇÃO NA FAMÍLIA DE GILBERTO

A família sente imensa saudade de Gilberto desde aquela madrugada em que três viaturas da PF o levaram da residência. Pai de duas moças, uma de 14 e outra de 26 anos, e avô de dois netos – com mais um a caminho –, ele era o provedor da casa e trabalhava junto ao seu pai, Alberi Marques Ferreira, 75 anos, na oficina de tornearia e solda. Desde sua prisão, a empresa está fechada, e seu Alberi sofreu um AVC que o deixou cego.

“Meu sogro nunca teve problema com a pressão, mas agora ela está alta e exige cuidados. No início de fevereiro, ele sofreu um AVC e foi levado às pressas para ser internado em Centro de Tratamento Intensivo. A visão foi afetada pelo acidente vascular”, relata a nora, que mudou-se para a casa do sogro para cuidar dele. Segundo ela, seu sogro está devastado ao saber que seu filho está preso sem ter cometido qualquer crime, uma dor que está dilacerando o idoso.

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