O POLITICAMENTE CORRETO E O RACISMO, POR PAULO CHENG

Lembro que, nos meus tempos de muleque no colégio, não tínhamos limites para traquinagens e brincadeiras, colocávamos apelidos uns nos outros, alguns não gostavam, mas na maioria das vezes, tudo era motivo de gozação. Bons tempos aqueles nos quais tirávamos um sarro com a cara dos coleguinhas no colégio ou nas brincadeiras de rua, e os apelidos eram os mais gozados possíveis: tissão, toco de amarrar jegue, cabeça de mamãe sofreu, chiclete de baleia, perna de saracura, suco de pneu, mousse de graxa, e por aí vai.

Não havia essa frescura de bullying, tudo era levado na brincadeira, tanto no nosso cotidiano como os humoristas, as pessoas tinham uma mente mais aberta, menos susceptíveis, e não havia também esse lance de danos morais, lógico que, algumas situações passava dos limites, porém, no contexto geral, tudo de levava na esportiva. Porém, hoje em dia tudo mudou…De uns tempos pra cá, o mundo foi ficando cada vez mais chato, á medida em que pautas progressistas e politicamente corretas foram ganhando espaço, surgiu um neologismo estranho, chamado “bullying”, uma espécie de mordaça que cerceia as brincadeiras, apelidos, e situações cômicas, hoje em dia, as pessoas estão mais melindrosas, cheias de mimimi, e os apelidos, antes motivo de brincadeira, hoje é caso de processos judiciais e danos morais, tudo para não ferir susceptibilidades, e com isso, as pessoas, e principalmente os que nasceram na década de 90 pra cá, foram assimilando esse estado de coisas, e se tornaram politicamente corretas, onde não cabe mais uma brincadeira, um apelido, ou uma piada de duplo sentido.

Caso uma pessoa negra hoje receba um apelido, é motivo de um processo judicial, e dependendo do caso, considerado racismo, mesmo que, a palavra racismo seja descaracterizada de seu conteúdo original e sofra um neologismo, porém, tudo tem que se adequar ao politicamente correto. E os movimentos negros, capitaneado pela esquerda, ajudaram nesse processo de idiotização coletiva, insuflando as pessoas negras num vitimismo eterno, onde, ninguém pode ser alvo de uma brincadeira, que tudo gira em torno do racismo, do preconceito étnico, ou de crime de raça. Porém, tal militância esquerdofrênica em cima do assunto, suscita incongruências pra lá de abjetas, e tais contradições são frutos de uma estupidez que permeia tal movimento. As cotas para negros são uma delas.

Por anos, a esquerda militou em prol de cotas para negros em universidades, concurso públicos, e quaisquer outros tipo de seleção ou escolhas, com o pretexto de que, as pessoas negras, que há séculos atrás, foram escravizadas, foram tolhidas de direitos básicos, e hoje ainda sofrem os desdobramentos de tal submissão escravista, o que gerou, segundo a mentalidade esquerdista, um desnível emocional, psicológico, intelectual e moral em relação ás pessoas de pele clara, ou brancos, como queiram, o que por si só é uma absurdo sem precedentes, pois, o período de escravidão no Brasil acabou há séculos, e a geração de pessoas negras hoje em dia já estão em outro ambiente totalmente livre, sob leis bem delineadas que repreendem o racismo; outro fato, as tais cotas raciais, possuem um fundo de racismo e diminuição para quem se utiliza delas, pois, partindo da premissa de que, um jovem negro tem que se utilizar de uma cota racial para lograr êxito em um vestibular ou em um concurso público, em detrimento dos candidatos brancos, somente por se valer da cor se sua pele, isso mostra, tacitamente, que ele não tem capacidade intelectual para estudar e disputar de igual para igual com qualquer outro candidato, seja branco, amarelo, pardo ou azul.

Os negros que embarcaram nessa viagem dos movimentos negros, foram e continuam sendo ludibriados por um discurso raso, vitimista e sim, racista, pois, dentro desse vitimismo, são imergidos na tal “dívida histórica” que nunca acaba, além de, se fazerem de vítimas sempre, e sempre pleiteando concessões e direitos especiais, como se o que versa em nossa Carta Magna de 1988 não tivesse valia alguma: Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade à vida, á liberdade, á igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes…”. Tal dispositivo jurídico e que insere TODOS em um mesmo patamar, sem considerar cor, etnia, raça, origem, escolaridade ou status, deveria ser levado em consideração por tais movimentos negros, contudo, a lavagem marxista sofrida em nossa sociedade por décadas, fez valer a premissa nefasta vaticinada pela esquerda, no qual, a estratagema de dividir para conquistar, faz com que, dividindo a sociedade em grupos distintos, minoritários, e se digladiando entre si, tornaria uma sociedade fraca, suscetível, sem coesão, onde todos se enxerguem como inimigos em potencial, e numa sociedade subdividida desta forma, fica mais fácil manipular e conquistar.

E é desta forma que se comporta os movimentos esquerdista atuais, os movimentos negros, feministas, LGBT, e afins, tentando enaltecer uma parcela da sociedade em detrimento de outras, esfacelando a unidade, e nessa subdivisão, temos uma sociedade em pé de guerra, numa mentalidade belicosa e vitimista, sem enxergar que, o ser humano, á despeito de suas escolhas, da cor de sua pele, de seu status social ou de seu sotaque regional, são todos intrinsecamente iguais, mesmo que haja algumas pessoas que mereçam um cuidado especial, como os idosos, as crianças, ou aqueles que sejam portadores de alguma necessidade especial, contudo, todos somos iguais.

Nesses tempos sombrios, onde tudo é racismo, preconceito, passível de processo por danos morais, e onde devemos pisar em ovos para não ferir susceptibilidades, pois a sociedade hoje em dia se tornou mimizenta e chata ao extremo, fico me perguntando, como se comportaria hoje comediantes como Mussum, Costinha, o Gordo e o Magro, Mazzaropi, Grande Otelo, Espanta, e tantos outros que zombavam carinhosamente dos outros em clima de brincadeira sadia, será que eles sucumbiriam ao politicamente correto de hoje, e a mordaça da patrulha esquerdista pegariam no pé deles? Sinceramente, creio que foi bom eles terem nascido no contexto no qual eles foram inseridos, pois, hoje seria um saco fazer humor numa sociedade de gente chata, emburrada, cheia de frescura como a nossa.Foto

Paulo Cheng

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