Desistência do Renda Brasil surpreende, mas não significa que Bolsonaro abriu mão de programa turbinado

O vídeo publicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais, desautorizando membros do governo a tratar do Renda Brasil, provocou surpresa entre analistas políticos e agentes do mercado financeiro.

O programa, que vinha sendo planejado para substituir o Bolsa Família, era considerado uma das prioridades do governo federal para o ano que vem, mas enfrentava dificuldades em gerar espaço fiscal para sua execução.

“É uma mudança abrupta em relação à abordagem que o próprio presidente adotou sobre o tema. O Renda Brasil estava esbarrando em um impasse de que não há verba, mas tem um apelo político-eleitoral muito forte”, diz o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores.

O programa era visto politicamente como uma das principais apostas de Bolsonaro para se consolidar entre eleitores com menor renda e pavimentar caminho para uma campanha pela reeleição daqui a dois anos.

Nos últimos meses, Bolsonaro experimentou uma melhora em seus índices de popularidade – movimento que foi atribuído por analistas políticos, em parte, aos efeitos do auxílio emergencial concedido a trabalhadores informais e a famílias de baixa renda, em função dos efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus.

O anúncio desta manhã, no entanto, não necessariamente representa uma pá de cal sobre o olhar para programas sociais desenvolvido pela atual gestão durante a pandemia de Covid-19. Para analistas políticos consultados por esta reportagem, há outros caminhos possíveis na mesma direção.

“Temos que aguardar para ver se essa desistência é para valer. Quando ele diz que não vai fazer o Renda Brasil, não necessariamente significa que ele não possa engordar o Bolsa Família”, pontua.

Do ponto de vista das contas públicas, há uma avaliação de que a fala de Bolsonaro poderia diminuir riscos fiscais, já que o novo programa de renda mínima era visto como um dos principais desafios para o cumprimento do teto de gastos no ano que vem.

Por outro lado, o nível de incerteza permanece elevado. “A fala foi nebulosa. O fato de não criar o Renda Brasil não significa que não poderá eventualmente fortalecer o Bolsa Familia – seria um ajuste endógeno ao programa ao invés de sair criando outros, mudando Farmácia Popular etc.”, diz Thiago Vidal, analista da Prospectiva Consultoria.

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