Ministro Marcelo Queiroga diz que vai unificar protocolos do tratamento hospitalar para pacientes de Covid

O novo ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta-feira (17) que irá unificar os procedimentos médicos usados no atendimento dos casos hospitalizados da Covid-19 em todo o país.

“Vamos trabalhar para conseguir homogeneizar a conduta assistencial no país como um todo. Por exemplo, as nossas UTIs, temos que ter protocolos uniformizados de assistência, nós temos que transferir a expertise dos grandes centros para as unidades de terapia intensiva que estão nas cidades mais distantes, dos estados menores (…) É preciso garantir um atendimento mais pronto ao paciente, mais rápido, para evitar que a doença progrida”, disse Queiroga.

Queiroga, no entanto, justificou a demora do Ministério da Saúde em se manifestar sobre os protocolos para unificar o atendimento.

“Estamos diante de uma doença nova. Quando começou esses casos, nós não tínhamos esse conhecimento”, justificou o novo ministro.

Inexistência de protocolos

No site do Ministério da Saúde, há apenas notas técnicas sobre o manejo clínico e tratamento dos casos, com informações gerais sobre testagem, diagnóstico da doença e as formas de se notificar os casos e as mortes por síndrome respiratória.

Dirigentes de sociedades médicas também detalharam ao G1 a inexistência deste protocolo no país. Eles defendem a criação e atualização constante do documento pelo Ministério da Saúde e sugerem que ele seja focado em condutas e práticas de manejo dos pacientes, como:

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), entidade presidida até este mês pelo novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, é favorável à criação de um protocolo que uniformize o atendimento da Covi-19 nos hospitais.

“Somos a favor de um protocolo nacional de atendimento, chancelado pelas principais sociedades de especialidades, que uniformizasse o atendimento de pacientes, nas diversas fases da Covid. Principalmente no foco do paciente hospitalizado, onde temos evidências científicas mais robustas sobre tratamentos”, afirmou Fernando Bacal, diretor científico da SBC.

“Em que momento fazer a oferta do oxigênio ao paciente; quando devo passar um tubo neste paciente; deve-se administrar corticoide? e o anticoagulante? (…) Neste sentido, é muito importante que tenhamos um documento unificado que reúna essas diretrizes” – Irma de Godoy, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

O pneumologista José Antonio Martinez, diretor científico da SBPT, defende que, diferente das notas técnicas que o Ministério da Saúde fez até o momento, um protocolo de manejo da Covid deve se concentrar em procedimentos, e não em medicamentos.

“Todos se beneficiariam com um protocolo de condutas para atendimento de pacientes com Covid-19. Contudo, ele precisa ser feito baseado em evidências científicas sólidas. Nesse contexto, não caberia o uso de medicamentos sem comprovação de eficácia”, afirma Martinez.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBi) também defende a criação de um protocolo que unifique os procedimentos no tratamento da infecção causada pelo vírus.

“Precisamos de um protocolo focado em procedimentos, com orientações desde a triagem, manejo de casos leves, quando internar, manejo do paciente internado, quando entubar, manejo do paciente em UTI. Ou seja, um protocolo baseado no que diz a ciência e com orientações nos mínimos detalhes, passível de ser executado por todos os municípios com coordenação dos estados! Não temos até o momento nenhum medicamento com ação cientificamente comprovada sobre o vírus”, diz Leonardo Weissmann, membro da diretoria da SBi.

G1

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