Bolsonaro pedirá a Moro para PF ouvir porteiro que o mencionou em caso Marielle

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta-feira quarta (30) que pedirá ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para que a Polícia Federal ouça o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde o mandatário tem casa na zona oeste do Rio de Janeiro. Foi o porteiro quem afirmou em dois depoimentos, na investigação da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Silva, que um dos acusados de envolvimento no crime pediu para ir à residência do então deputado federal e, ao interfonar, ouviu a voz do “Seu Jair”. 

“Estou conversando com o ministro da Justiça para a gente tomar, via Polícia Federal, um novo depoimento desse porteiro pela PF para esclarecer de vez esse fato, de modo que esse fantasma que querem colocar no meu colo como possível mentor da morte de Marielle seja enterrado de vez”, disse o presidente ao deixar o hotel onde está hospedado para ir ao evento Davos no Deserto. 

A informação de que o nome de Elcio Queiroz anunciou, no dia 14 de março de 2018, data do crime, que iria à casa 58, de Bolsonaro, foi dada na terça-feira (29) pelo Jornal Nacional. Apesar disso, Queiroz dirigiu-se à residência 66, do policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson Silva. De acordo com o JN, a Polícia Civil do Rio teve acesso ao livro de visitas do condomínio Vivendas da Barra. 

Bolsonaro também afirmou que já sabia desde 9 de outubro sobre a menção a seu nome no inquérito e foi informado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em um evento no Clube Naval no Rio.

“No (dia) 9 deste mês, outubro, às 21h, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando chegou o governador Witzel. Ele me viu lá, foi uma surpresa eu estar lá. E para mim também, que eu fui ao aniversário de uma autoridade”, disse o presidente. “O governador Witzel que se explique agora como vazou esse processo”, criticou.

Em nota na madrugada de quarta por meio da assessoria do governo do Rio, Witzel lamentou “profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro”. “Ressalto que jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil. Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas nossas ações”, registrou. 

“Não transitamos no terreno da ilegalidade, não compactuo com vazamentos à imprensa. Não farei como fizeram comigo, prejulgar e condenar sem provas. Hoje, fui atacado injustamente. Ainda assim, defenderei, como fiz durante os anos em que exerci a Magistratura, o equilíbrio e o bom senso nas relações pessoais e institucionais. Fui eleito sob a bandeira da ética, da moralidade e do combate à corrupção. E deste caminho não me afastarei”, encerrou o governador na nota.

Estou conversando com o ministro da Justiça para a gente tomar, via Polícia Federal, um novo depoimento desse porteiro pela PF para esclarecer de vez esse fato, de modo que esse fantasma que querem colocar no meu colo como possível mentor da morte de Marielle seja enterrado de vez.

Menção a Bolsonaro nas investigações de Marielle

A menção ao nome do mandatário no inquérito que investiga a morte da vereadora do PSol pode fazer que o caso siga para o STF (Supremo Tribunal Federal). Os procuradores que dão seguimento às investigações fizeram uma consulta informal ao presidente da Corte, Dias Toffoli, que ainda não retornou o questionamento. Questionado via assessoria de imprensa, o STF não retornou às solicitações. 

A reportagem do JN destacou que a guarita do condomínio grava as conversas da portaria, e os investigadores tentam agora recuperar as informações da data. Ainda de acordo com o JN, Jair Bolsonaro estava em Brasília em 14 de março. Ele registrou presença no plenário da Câmara às 14h e às 20h.

Logo após a exibição da reportagem, o presidente Jair Bolsonaro foi ao seu Facebook e fez uma live para rebater a reportagem. Chamou de “patifaria” e disse que a TV Globo quer “prender um filho” seu, em referência ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), investigado pelo Ministério Público do Rio pelo esquema de rachadinha quando deputado estadual.

Segundo ele, o advogado foi procurado de última hora e a repórter que acompanha sua viagem à Ásia e Oriente Médio nem sequer o procurou para questioná-lo sobre o assunto. Ele ainda fez menção à concessão da Rede Globo, que vence em 2022. Disse que não faria perseguição, mas também não iria cometer injustiças. 

“Qual a intenção de desgastar o governo federal? O que vocês ganham com um governo fraco? TV Globo, vocês tiveram acesso a um processo que segue em segredo de Justiça. Vocês tem que ser investigados no tocante a isso. Parentes meus estão sendo investigados. Quem está do meu lado está sendo investigado. Qual a intenção de vocês? O orgasmo da TV Globo é ver alguém preso? Eu seguro a onda. Eu tenho imensa responsabilidade. Eu tenho compromisso. Apesar da imprensa porca, nojenta, canalha, imoral.”

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