Efeitos colaterais de duas vacinas diferentes contra Covid-19 podem ser mais intensos

As autoridades sanitárias europeias confirmaram na quarta-feira (12) que a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 não deve ser administrada em pessoas com menos de 55 anos. No entanto, milhares de europeus abaixo dessa idade já receberam a primeira dose da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e agora terão o reforço com um produto de outro fabricante. Esse coquetel pode provocar alguns efeitos colaterais, como explica um estudo publicado na revista científica The Lancet. 

Na França, 500 mil pessoas se encontram nessa situação. Para esses indivíduos, a Alta Autoridade de Saúde (HAS), órgão público independente, recomenda que a segunda dose seja de um produto com a tecnologia do RNA-mensageiro, ou seja, as vacinas da Pfizer ou Moderna. Esses imunizantes de nova geração utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Eles são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido.

Já a vacina de Oxford usa a tecnologia do vetor viral não replicante. O soro é preparado com um “vírus vivo”, como um adenovírus (que causa o resfriado comum), porém sem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde. O objetivo comum, de estimular o sistema imunológico a combater o coronavírus, é alcançado com diferentes graus de eficiência, dependendo da vacina. 

De acordo com o estudo publicado pela The Lancet, realizado com 830 britânicos nos quais foram administrados imunizantes distintos, alguns efeitos colaterais registrados em quem toma duas vacinas diferentes foram mais intensos do que nas pessoas que tomaram as duas injeções do mesmo tipo de imunizante. O estudo constatou um número maior de casos de cansaço extremo, febre e calafrios. 

Segundo os cientistas, essas reações demonstram a atividade do sistema imunológico e não representam risco. Além disso, os sintomas desaparecem geralmente em 48 horas e nenhum caso de hospitalização foi registrado. 

Os pesquisadores também informaram que os dados ainda são limitados para medir a eficácia desse coquetel que mistura duas vacinas diferentes. No entanto, um primeiro estudo realizado em ratos indicou que uma vacinação com dois imunizantes distintos poderia produzir mais anticorpos nos indivíduos vacinados. Mas ainda não há provas de que um efeito semelhante se reproduza no ser humano.

Últimas Notícias