Polícia vê ‘simulação de conversas’ e atribui denúncia falsa contra o filho do presidente. à jornalista Patrícia Lélis acusou Eduardo Bolsonaro de ameaça

Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil | Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil (08/08/2016)

A Polícia Civil do Distrito Federal entregou o relatório final da investigação aberta para apurar se a jornalista Patrícia Lélis mentiu ao dizer que foi ameaçada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PLS-SP). A conclusão foi que ela apresentou uma denúncia falsa contra o filho do presidente.

“Isso prejudica até mesmo a causa das mulheres que são, de fato, vitimas de violência”, afirma a advogada Karina Kufa, que defende o deputado. “Muitas vezes a demora da aparição da verdade pode prejudicar inocentes”, acrescenta.

A acusação foi feita a partir de mensagens que teriam sido trocadas com Eduardo em 2019, quando ela trabalhava no PSC, antigo partido do deputado. Segundo Patrícia, o parlamentar publicou em uma rede social que os dois estavam namorando e, quando ela negou o relacionamento, ele teria dito que ‘iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido’. Uma perícia feita nas conversas apontou ‘indícios de simulação’.

“Constatou-se, conforme Laudo Pericial, a existência de indícios de simulação na conversa que conteriam as palavras ameaçadoras atribuídas a Eduardo Bolsonaro, bem como pela impossibilidade de se afirmar que o autor de tais dizeres criminosos seria, de fato, o titular da linha telefônica constante no cabeçalho das mensagens, no caso, o imputado”, diz um trecho do relatório assinado pelo delegado Josué da Silva Magalhães.

Procurada pela reportagem, Patrícia disse que não foi ouvida pelos policiais. Ela mora hoje nos Estados Unidos. Também contou que pediu uma perícia nas mensagens pela Polícia Federal, sem sucesso. “Por meses e meses o processo ficou parado e só começou a “andar” (de forma que a todo momento favorecia Eduardo Bolsonaro) depois que Bolsonaro foi eleito”, afirma.

Em um primeiro momento, a investigação buscou analisar se houve abuso do deputado, conforme a versão de Patrícia. A denúncia foi arquivada em 2019 pela Justiça de Brasília, que considerou não haver provas suficientes para abrir uma ação penal contra Eduardo.

Na segunda etapa, os policiais puseram à prova a narrativa de Patrícia, que passou de vítima à investigada. O delegado afirma que ela cometeu o crime de denunciação caluniosa.

“Com base em todos os elementos de informação colhidos durante investigação, verificam-se a existência de autoria e materialidade delitiva que indicam que o indiciada praticou o crime de denunciação caluniosa, uma vez que, de maneira dolosa, imputou falso crime a Eduardo Nantes Bolsonaro, fato esse que deu ensejo a instauração de processo criminal contra quem a indiciada sabia ser inocente”, afirma o relatório.

“Houve precipitação do Ministério Público em apresentar denúncia, sem provas, contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, pouco antes das eleições de 2018. As acusações estavam fundamentadas apenas em declarações falsas da ré Patrícia Lellis e em montagens de mensagens de celular. Isso causou danos à imagem do deputado, que mesmo sendo o parlamentar mais votado, perdeu votos com a acusação falsa. Isso prejudica até mesmo a causa das mulheres que são, de fato, vitimas de violência. Precisamos ter cautela com as fake news que estão servindo para respaldar ações, inquéritos ou CPIs. Muitas vezes a demora da aparição da verdade pode prejudicar inocentes”, disse a advogada Karina Kufa que defende o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Fausto Macedo – Estadão Conteúdo

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