Jovem saudável, de 26 anos, teve infarto após dose de reforço

A afirmação é de um médico, andando no corredor de um hospital, em vídeo viralizado na internet

Um vídeo gravado por um médico, dentro de um hospital, vem chamando atenção nas redes. O profissional afirma que acabou de sair da sala de emergência e uma jovem de 26 anos teria sofrido um infarto, mesmo sendo saudável e não tendo histórico familiar de doenças cardíacas.

O médico, que no vídeo aparece andando num corredor, acrescenta que o único “fator de risco” que a mulher apresentava era ter tomado duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca e uma, de reforço, da Pfizer/BioNTech. O vídeo já teve mais de cinco mil visualizações em grupos do aplicativo Telegram.

O médico foi identificado como João Jackson Duarte, cardiologista, que atualmente trabalha no Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul(Humap-UFMS), em Campo Grande. O vídeo teria sido gravado neste hospital.

Em nota ao MonitoR7, o hospital afirmou que Jackson realmente faz parte do seu corpo médico e que o vídeo foi gravado ali. No entanto, a nota nega as afirmações do médico no vídeo: “o Humap esclarece que não tem registro de nenhuma paciente com 26 anos acometida por infarto nos últimos dias”. O hospital informou ainda que vai abrir um processo interno para apurar os fatos e a conduta do profissional.

A instituição também destacou que não referenda as conclusões apresentadas pelo cardiologista, pois “qualquer análise com este teor precisa ser feita baseada em um conjunto de dados, metodologias, analises de grupos focais e em uma amplitude muito maior, como tem sido feito em diversas pesquisas no Brasil e no mundo”.

João Jackson Duarte tem histórico negacionista. Ele é conhecido por administrar o chamado “tratamento precoce” contra Covid-19, com o uso de remédios sem eficácia comprovada no tratamento da doença. Ele teria atendido políticos e autoridades do Estado. Em artigos na internet, ele também defendeu tratamentos polêmicos, como a ozonio terapia retal.

Em junho passado, a Vigilância Sanitária pediu que o médico interrompesse os atendimentos de pacientes com Covid-19 no consultório que mantém num edifício comercial de Campo Grande. Vizinhos, que mantém negócios no edifício, afirmaram estar até perdendo clientes, que temema falta de biossegurança no local, onde o João Jackson atenderia pacientes com Covid-19.

Há reclamações ainda que o próprio médico não seguiria as regras sanitárias do edifício, circulando sem máscara pelos corredores. Na petição do condomínio à Vigilância Sanitária, há a alegação de que o médico estaria usando o local como hospital.

Portanto, as informações do médico, em vídeo que está circulando em aplicativos de mensagem, não tem comprovação. O hospital em que ele afirma ter atendido a jovem paciente infartada,  nega a ocorrência. E o médico não apresentou provas de suas afirmações, mesmo após a negativa do hospital. 

r7

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